
Roberto Gameiro
Não se tratava de uma atividade
pedagógica, ou de uma olimpíada do conhecimento, nem mesmo de uma distribuição
de livros para leituras extraclasse.
Tratava-se, isso sim, de uma
iniciativa da escola própria de uma multinacional, com mais de 2000 alunos,
para tentar erradicar um surto de piolhos que atingia a maioria dos alunos.
Nesse dia, ao invés de usar o giz, os
professores, os diretores, as equipes técnica e de apoio, ajudados por alguns pais
e mães, aplicavam um medicamento friccionando o couro cabeludo das crianças e
adolescentes na esperança de resolver o problema preocupante.
Esse é um exemplo, talvez exagerado,
confesso, mas real, que demonstra que desde há muito a escola extrapola as
funções para as quais foi criada.
Cabem à família, entre outras
responsabilidades, o cuidado da saúde e a educação dos filhos para valores
morais e éticos. À escola cabe a escolarização das crianças e adolescentes,
como provedora das competências gerais que consubstanciam os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento.
Entretanto, enganam-se aqueles que querem
acreditar que essa divisão de tarefas entre a família e a escola aconteça
realmente no dia a dia.
Isso acontece não como decorrência de
uma reconfiguração da escola (que, diga-se de passagem, precisa de muitas
reconfigurações), mas de uma reconfiguração das famílias. Alguns dizem que
famílias estão desestruturadas. Prefiro dizer que as famílias estão diferentes.
E, por estarem diferentes na sua
estrutura e na sua práxis, muitas famílias já não conseguem dar conta de
algumas de suas atribuições, e as delegam para a escola, que não tem essa
responsabilidade. E esperam que a escola dê conta de tudo.
As famílias, via de regra, não
delegam essas atribuições por negligência, mas como consequência do que a vida
em sociedade hoje demanda para pais e, principalmente, para mães que trabalham
fora, e que, em consequência, têm geralmente, três turnos de trabalho. Um deles
em casa após o expediente laboral.
E não existe fórmula conhecida para
resolver essa situação que, muitas vezes, coloca famílias e escolas em
conflito. A atenuante tem um nome: “parceria”.
Na parceria responsável, cada parte entende e compreende a dificuldade da outra e coloca-se sensatamente a serviço do somatório de energias positivas na busca do equilíbrio de ações convergentes em prol da boa educação e formação das crianças e dos adolescentes.
SE VOCÊ GOSTOU DESTE ARTIGO, veja outros posts de Roberto Gameiro em: http://www.textocontextopretexto.com.br.
Na parceria responsável, cada parte entende e compreende a dificuldade da outra e coloca-se sensatamente a serviço do somatório de energias positivas na busca do equilíbrio de ações convergentes em prol da boa educação e formação das crianças e dos adolescentes.
Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 07/08/18.
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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor
na área de “Gestão de escolas de Educação Básica”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.
Parabéns Professor Roberto Gameiro. Mais um texto que lemos com a alma. A escola sempre foi esse lugar de acolhimento e diálogo com as famílias diferentes. Abraços!
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