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Roberto Gameiro
Na tarde do dia em que foram divulgados os resultados finais, um homem entra intempestivamente na escola e dirige-se à sala da direção, exigindo atendimento imediato.
O homem, um pai de aluno da escola, está exasperado, muito nervoso, descontrolado.
Atendido pela direção e pela coordenação, declara-se pasmo pelo fato de o filho ter sido reprovado e que, durante todo o ano, ele nunca foi informado pela escola de quaisquer problemas que seu filho pudesse ter nas aulas; nem sobre disciplina, nem sobre aproveitamento.
Chega, também, a esposa. Esta se mostra apreensiva e claramente incomodada com a situação.
Abrem-se os registros. Constata-se que o aluno constantemente não fez as tarefas de casa, esteve sempre em recuperação, não foi assíduo nem pontual, teve diversos casos de indisciplina durante as aulas, incluindo suspensões. Essas informações deixam o pai atônito: no seu entender, a escola foi realmente incompetente com ele.
Abrem-se as atas. Constata-se, então, que a mãe esteve presente na escola mais de uma dezena de vezes durante o ano, a chamado da instituição, para acompanhamento da situação de aproveitamento e de comportamento do menino; em várias das atas, assinadas por ela, a mãe pede encarecidamente à escola que não trate desses assuntos com o marido, e que ela mesma o fará. Fica claro que ela não o fez.
Vocês já viram esse "filme”?
Do artigo “Conflitos conjugais e seus efeitos sobre o comportamento de crianças”, de Ana Carolina Villas boas e outras, extraí que "crianças expostas a altos níveis de conflito estão mais propensas a desenvolverem uma série de problemas emocionais e de comportamento durante a infância, entre os quais, baixa autoestima, pobre interação com pares, depressão e problemas de saúde, distúrbios de sono e problemas de comportamento exteriorizado e interiorizado".
E, ainda, que em um estudo publicado recentemente, os resultados mostraram que a habilidade das crianças para resolver conflitos é aprendida em casa por meio da participação e da observação de situações de conflito na família e que a agressão das crianças frequentemente resulta da experiência de conflitos mal resolvidos. No que concerne à relação conjugal, duas dimensões foram consideradas de risco: a hostilidade entre o casal parental e a tentativa de um cônjuge minar o comportamento do outro. Sugiro a leitura do artigo completo em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672010000200009
Podemos, então, nos indagar se a mãe e a escola agiram de forma correta; se o pai agiu, em relação ao menino, durante o ano, de forma assertiva, e se os possíveis conflitos conjugais e ou parentais influenciaram na conformação da situação.
De qualquer forma, cabe uma pergunta: se até na separação judicial dos casais, a guarda, pela Lei, deve ser, preferencialmente, compartilhada, por que alguns cônjuges, vivendo juntos, não conseguem compartilhar a guarda e o acompanhamento dos filhos?
Vamos refletir e conversar a respeito?
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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 17/04/18, e neste blogue, em 15/03/20.
Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Roberto Gameiro
Certa vez, há muitos anos, viajando de ônibus em direção a um estado do Centro-Oeste, quando entramos na região, o motorista fez uma parada obrigatória num local em que o Órgão da Saúde aplicava a vacina contra a febre amarela nos passageiros ainda não vacinados. A vacina está recomendada nas ações de rotina dos programas de imunizações (Calendário Nacional de Vacinação) e deve ser aplicada em residentes de área com recomendação de vacina e em viajantes que se deslocam para essa área.
Havia duas filas: uma para identificação e preenchimento do cartão com o registro da vacina, e outra para, com o cartão na mão, receber a vacina. Pois bem; terminada toda aquela movimentação, com as confusões inerentes, todos dentro do ônibus e em seus lugares, ao prosseguirmos a viagem não pude deixar de ouvir a conversa de dois homens sentados nos assentos de trás do meu.
Eles contavam uma grande vantagem e riam ao mesmo tempo. Diziam que tinham passado apenas pela primeira fila, a do cartão da vacina, sem passar pela segunda fila para serem vacinados. E acrescentavam que agora eles tinham o documento que provava que eles estavam vacinados contra a febre amarela para apresentar na empresa em que trabalhavam. A um senhor que também ouvira a conversa e tentou, com toda educação, argumentar sobre o ilícito do ato que praticaram e sobre os malefícios que poderiam acontecer com a saúde deles mesmos, as respostas dos dois foram e são impublicáveis.
Mais do que uma personalidade deturpada, atos como esse demonstram a fragilidade de caráter de indivíduos desse naipe. Acostumado a abordar assuntos ligados à educação de crianças e adolescentes, fiquei imaginando qual seria o tipo de educação em moral e ética que esses senhores poderiam dar a seus filhos e, especialmente, nos campos da religiosidade e da espiritualidade. Além do exemplo de conduta, cabe aos pais conversar sempre com seus filhos acerca das (boas) posturas que devem ter individualmente e na coletividade. Mas não nos enganemos; há vários desses por aí. Que o digam os professores, coordenadores e seus assistentes e diretores de escolas públicas e privadas.
Algumas vezes, nas escolas, nos defrontamos com meninos e meninas indisciplinados, desrespeitosos com os professores, agressivos com os colegas, descumpridores das normas e regras, e ao chamarmos e conversarmos com o pai ou a mãe, constatamos que os jovens são verdadeiras vítimas da deseducação que recebem em casa. Esses casos não são tão raros quanto se possa imaginar (nas famílias e nas escolas).
Entretanto, felizmente, a maioria dos pais, além de ser muito cuidadosa com a formação em valores, é parceira da escola e não é conivente com malfeitos praticados pelos filhos; nem na escola, nem fora dela.
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Roberto Gameiro
Certa vez, um amigo meu, recém-separado da esposa, me pediu dicas e no que se deve prestar atenção para a educação dos filhos.
Senti-me muito honrado com o pedido, o qual demonstrava a confiança do amigo em mim. Entretanto, essa confiança vinha acompanhada de uma responsabilidade inerente significativa. Até porque não sou especialista nessa seara que tem características próprias e ímpares em cada caso. Mas considerei que a minha experiência de vida como professor e diretor de escola poderia me ajudar a ajudá-lo.
Na minha reflexão, levei em consideração que hoje, salvo exceções, a guarda dos filhos é compartilhada; e que, provavelmente, a preocupação dele com a educação dos filhos era também a da ex-esposa.
Assim, fazendo uma retrospectiva dos meus atendimentos de casos análogos na minha profissão, identifiquei três aspectos relevantes que valem para a educação dos filhos por casais que vivem juntos e, especialmente, pelos separados. Esses enfoques são “valores”, “presença” e “convivência”.
Por “valores” designo características que constituem virtudes, qualidades e méritos considerados importantes para orientar as posturas e decisões dos pais em relação à (boa) formação dos filhos. Então, sugeri que ele construísse com a ex-esposa um elenco de valores aceitos e vivenciáveis por ambos que servisse de norte para o dia a dia no relacionamento com os filhos. Dessa forma, eles teriam em que basear as decisões sobre a educação da prole (todos os casais deveriam ter esse elenco de valores definido).
Por “presença” não me refiro a qualquer presença. Refiro-me, como tenho escrito em outros artigos, a uma “presença significativa”, aquela que se caracteriza por um diálogo participativo, interativo, olho no olho, a qual requer constância e confiança recíproca. Essa “presença” não deve acontecer apenas nos horários de visita, mas em outras oportunidades, especialmente aquelas promovidas pela escola. As crianças esperam ansiosas a presença dos pais nas suas atividades escolares.
Por outro lado, a boa “convivência” dos ex-cônjuges na presença dos filhos constitui lastro essencial para o crescimento e formação deles na direção certa e segura. É lamentável quando os pais são separados e um dos cônjuges é o “bonzinho” que só diz “sim” para tudo, e o outro, geralmente aquele com quem a criança mora, é o que tenta colocar regras de conduta, entre as quais há, invariavelmente, por necessidade óbvia, a palavra “não”.
Tudo isso, sem descuidar da orientação dos filhos na direção de uma espiritualidade sadia e vitalizadora, respeitando a individualidade deles.
A situação fica complicada quando a separação não é consensual e há divergências entre os ex-cônjuges, o que dificulta a guarda compartilhada e as ações idem em relação à educação das crianças. Que bom seria se, conflitos à parte, os ex-cônjuges conseguissem privilegiar, juntos, os cuidados e a formação dos filhos, o que sei que é uma tarefa de difícil execução, mas não impossível.
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Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 15/10/19 sob o título "Os filhos após a separação". Publicado neste blogue em 20/10/2019.
Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Roberto Gameiro
A Família é o lastro de segurança, o porto seguro que norteia as ações e delimita a construção e a implementação da nossa filosofia de vida. Esse lastro é complementado pela Escola.
Na escola, que recebe imediatamente o eco e os efeitos das mudanças sociais, o controle da disciplina, a colocação de limites, o cumprimento de normas, necessários para a formação do bom cidadão, ganham contornos que exigem constantes atualização e aprimoramento das competências dos educadores.
Há alguns anos, a família brasileira, atônita, tomou conhecimento do caso da filha que planejou o assassinato dos próprios pais. Muito se escreveu a respeito. Muito se discutiu. Devemos, entretanto, tomar muito cuidado para não generalizar aquela postura de uma jovem, para a maioria da juventude. A nossa juventude é, basicamente, constituída de meninos e meninas bons, solidários e afetuosos, que valorizam as relações e, principalmente, a família.
Cada Família possui suas características próprias, seus princípios e valores culturais, sociais e religiosos, que cultua, prioriza e procura manter. Nos últimos tempos, as famílias, estupefatas, têm visto crescer, assustadoramente, a violência nas ruas e na sociedade em geral. E, como estruturas sistêmicas que buscam proteger seus membros, fecham-se atrás de grades, alarmes e sistemas de segurança.
Muitas vezes, famílias bem constituídas, preocupadas e vigilantes em relação à educação dos filhos, são pegas de surpresa com atitudes reprováveis dos mesmos na escola, no clube, no prédio…
Hoje, muitas crianças e adolescentes estão confusos e sem perspectiva, por falta de referências que alicercem suas existências, apontem rumos e ajudem a marcar limites.
Testar o adulto, questionar, é próprio do adolescente. Essa testagem, esse questionamento, geralmente nada mais são do que busca de segurança, de amparo, de ponto de referência. Se encontra características de firmeza, afeto, ternura, compreensão e bom senso, ele passa a se considerar, mesmo que não conscientemente, “protegido” por aquele adulto, no qual passa a confiar. Se não encontra aquelas características, o adolescente, num primeiro momento, se sente “vitorioso”: “venci o adulto”; e esse sentimento de “vitória” é substituído, rapidamente, por um misto de fragilidade e falta de amparo: “se eu venci o adulto, quem resta agora para me orientar? ” E é aqui que está o momento delicado que nem sempre conseguimos identificar.
É importante a existência de “pessoas de referência” na vida das crianças e dos adolescentes, que sejam presentes e inspiradoras de posturas e ações construtivas e saudáveis, que encarnem valores profundos e os proclamem com força significativa. De preferência, por óbvio, os próprios pais.
Os professores também podem constituir norte importante na construção dos sentidos de vida de seus alunos; às vezes, independentemente de suas crenças e convicções; às vezes, em função de; às vezes, apesar de.
Publicado originalmente em 09/10/17
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Artigo editado e publicado no jornal “O Popular” de Goiânia em 27/09/17.
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Roberto Gameiro
Não é fácil ser adolescente hoje. Nunca foi. A diferença é que atualmente são outros os quesitos que regulam as posturas e ações desses jovens.
Houve época em que se dizia que o adolescente começava a fumar para ter algo a fazer com os braços que crescem de forma desproporcional ao corpo. Cigarro entre os dedos, ele tinha até pose para “desfilar” nas festinhas e bailinhos.
Não havia os excessos de hoje.
Agora, as preocupações são outras; dos jovens e de seus pais e educadores. Entre elas, podemos citar o aumento assustador do número de suicídios, o consumo crescente do uso de drogas das mais variadas espécies, lícitas e ilícitas, a violência que grassa na sociedade e coloca as pessoas de bem atrás de grades nas suas próprias casas enquanto a bandidagem corre solta pelas ruas das grandes cidades, o individualismo exacerbado, a baixa qualidade do ensino, especialmente nas escolas públicas, o desrespeito aos professores, o bullying, a quebra constante de paradigmas morais e éticos que deixa pais e educadores perplexos e indecisos etc. E põe “etc” nisso...
Fala-se num “mal-estar ético” que ronda a vida dos adolescentes. A pergunta que se faz, então, é: o adolescente é um ser que sofre de “vazio de sentido?”
Yves de La Taille e Elizabeth Harkot-de-La-Taille realizaram uma pesquisa com 5.160 estudantes de escolas de Ensino Médio particulares e públicas da Grande São Paulo para tentar responder a essa pergunta. Os resultados demonstraram que não se pode responder afirmativamente à pergunta devido, entre outros, a um otimismo a respeito do progresso pessoal e do mundo. Mas apresentaram indícios que sim; há um certo mal-estar no jovem de hoje em virtude de ele parecer desertar o espaço público e recolher-se no espaço privado.
Saliento a seguir partes do quadro traçado pelos autores referente ao perfil do aluno de ensino médio: otimista em relação ao progresso da sociedade e também quanto às chances de se realizar na vida; mais influenciado pelos seus pais e amigos do que pela escola, pela mídia e pela religião; nutre grande desconfiança nas instituições políticas e seus representantes; atribui grande importância ao papel social dos professores e neles tende a confiar.
Na questão específica sobre a família, 80,7% confiam muito e 16,6% confiam, o que dá quase a totalidade da amostra: 97,3%; “logo, a família aparece longe na frente das outras instituições sociais em termos de confiança.”.
A pesquisa alcançou o seu objetivo de fornecer subsídios para guiar políticas públicas para a educação de crianças e jovens. Está publicada no livro “Moral e Ética – Dimensões intelectuais e afetivas” (2006) do primeiro autor, e foi aplicada em jovens com idade média de 15 anos, no período de março a abril de 2005. As meninas não diferem dos meninos nas questões essenciais da pesquisa.
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Publicado originalmente neste blogue em 09/02/20.
Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 08/01/20.
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Roberto Gameiro
Os alunos estavam em filas, bem-comportados e ansiosos por chegar a sua vez de serem atendidos, no pátio interno da escola, na maratona empreendida pelos educadores, naquela manhã de muito calor de um mês de outubro.
Não se tratava de uma atividade pedagógica, ou de uma olimpíada do conhecimento, nem mesmo de uma distribuição de livros para leituras extraclasse.
Tratava-se, isso sim, de uma iniciativa da escola própria de uma multinacional, com mais de 2000 alunos, para tentar erradicar um surto de piolhos que atingia a maioria dos alunos.
Nesse dia, ao invés de usar o giz, os professores, os diretores, as equipes técnica e de apoio, ajudados por alguns pais e mães, aplicavam um medicamento friccionando o couro cabeludo das crianças e adolescentes na esperança de resolver o problema preocupante.
Esse é um exemplo, talvez exagerado, confesso, mas real, que demonstra que desde há muito a escola extrapola as funções para as quais foi criada.
São responsabilidades da família, entre outras, o cuidado da saúde e a educação dos filhos para valores morais e éticos. À escola cabe a escolarização das crianças e adolescentes, como provedora das competências gerais que consubstanciam os direitos de aprendizagem e desenvolvimento.
Entretanto, enganam-se aqueles que querem acreditar que essa divisão de tarefas entre a família e a escola aconteça realmente no dia a dia.
Isso acontece não como decorrência de uma reconfiguração da escola (que, diga-se de passagem, precisa de muitas reconfigurações), mas de uma reconfiguração das famílias. Alguns dizem que famílias estão desestruturadas. Prefiro dizer que as famílias estão diferentes.
E, por estarem diferentes na sua estrutura e na sua práxis, muitas famílias já não conseguem dar conta de algumas de suas atribuições, e as delegam para a escola, que não tem essa responsabilidade. E esperam que a escola dê conta de tudo.
As famílias, via de regra, não delegam essas atribuições por negligência, mas como consequência do que a vida em sociedade hoje demanda para pais e, principalmente, para mães que trabalham fora, e que, em consequência, têm geralmente, três turnos de trabalho. Um deles em casa após o expediente laboral.
E não existe fórmula conhecida para resolver essa situação que, muitas vezes, coloca famílias e escolas em conflito. A atenuante tem um nome: “parceria”.
Na parceria responsável, cada parte entende e compreende a dificuldade da outra e coloca-se sensatamente a serviço do somatório de energias positivas na busca do equilíbrio de ações convergentes em prol da boa educação e formação das crianças e dos adolescentes.
Família e escola se complementam.
Publicado originalmente em 07/08/2018.
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Roberto Gameiro
A corrida para os abraços na chegada, a alegria do reencontro diário, o afago, a confiança, os olhares cúmplices, a expectativa das novas possibilidades, a pertença ao grupo.
Todos os sons, todas as fragrâncias, todas as cores, todas as texturas, todos os sabores, tudo junto e misturado, formam um lindo concerto de formas e atitudes que emolduram os relacionamentos dos pequeninos, verdadeiros tesouros a encantar a vida.
Isso tudo sob a batuta de um ser humano especial, a professora, que rege a sua pequena “orquestra” harmonizando, num só ambiente, diferentes emoções, personalidades, desejos e anseios.
O brilho nos olhares iluminando relacionamentos muitas vezes conflituosos, característica das tenras idades. Fica o brilho, desaparecem os conflitos com a mesma velocidade com que apareceram.
Os sorrisos nos lábios como que a enfeitar os rostinhos puros de expressão e ímpares na comunicação. Formas que emocionam e aquecem os corações.
Assim, e muito mais, é o dia a dia de uma turminha de Educação Infantil em qualquer escola pública, privada, comunitária, confessional ou laica.
Satisfeitos na ambientação e acolhidos nas relações, abrem-se para as buscas, para a curiosidade, para o aprendizado. E vão se construindo e reconstruindo num ciclo virtuoso de autossuperação que comumente surpreende docentes e pais.
Estão se inserindo num mundo que já existe e clama por ser conhecido por eles com suas perfeições e imperfeições que neles causa ora estupefação, ora indiferença; ora surpresa, ora desolamento, numa ambivalência que desafia agradavelmente a tarefa da professora como animadora e como orientadora.
São gestos e expressões da primeira infância, momento precioso para o desenvolvimento humano, ocasião em que a estrutura do cérebro se constitui e forma o arcabouço sobre o qual repousarão todas as possibilidades de aprendizagens cognitivas e emocionais advindas das experiências da vida.
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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 08/01/19.
Publicado originalmente neste blogue em 26/04/2020.
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Roberto Gameiro
O que é motivo de riso para alguns, pode ser motivo de preocupação para tantos outros.
Billy Blanco (1924-2011), músico, compositor e escritor brasileiro, escreveu na sua composição musical “Canto Chorado”: “O que dá pra rir dá pra chorar. Questão só de peso e medida. Problema de hora e lugar...”
Noutro dia, recebi pelo WhatsApp uma charge com duas imagens. Na de cima, uma mãe, em 1996, puxando o filho para dentro de casa, tirando-o das brincadeiras de rua com seus amigos (provavelmente porque ele ficava muito tempo brincando na rua). Na imagem de baixo, uma mãe, em 2016, puxando o filho ("pendurado" num celular) para fora de casa (provavelmente, para ele brincar com seus amigos na rua).
A charge é, geralmente, uma representação caricatural em que se satiriza um fato específico. E, também geralmente, rimos das mensagens propaladas.
Entretanto, o que é motivo de riso para alguns, pode ser motivo de preocupação para tantos outros, neste caso principalmente para os pais e os professores.
Com efeito, a charge focada traz à tona uma das situações mais preocupantes em relação ao processo de formação das crianças e dos adolescentes hoje em dia. Os jovens estão se recolhendo para o campo da individualidade em detrimento das relações interpessoais com seus amigos e amigas, quando os têm. No afã de conseguir cada vez mais amigos virtuais, negligenciam a conquista, a manutenção e mesmo a cativação dos verdadeiros amigos da “vida real”.
Mas convém lembrar que não são apenas os pais que dizem que os filhos ficam muito tempo no celular. Também filhos reclamam que pais não dão tanta atenção a eles quanto dão à telinha do celular ou do computador.
E quando há esse “embate” todos perdem. Perdem os pais, os filhos, os familiares, os amigos e a relação social como um todo; o somatório das individualidades não tem resultado numa “sociedade”, entendendo-se sociedade como um “conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns, e que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo”. (Dicionário Aurélio versão 7.0)
Estudos e pesquisas no Brasil e alhures demonstram que há uma relação preocupante entre o maior tempo de uso diário de celulares e o menor aproveitamento escolar dos adolescentes; há os que ponderam que eles usam os dispositivos mais para o lazer e menos para os conteúdos escolares.
Boa reflexão para pais, filhos e professores.
Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 17/04/20 sob o título "Jovens e a individualidade" e na revista "Nova Família" em 20/04/20.
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Autorizadas, desde que com a inclusão dos nomes do blogue e do autor.