O TEXTO NO CONTEXTO COMO PRETEXTO - Para debates em família e na escola - Roberto Gameiro

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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

MENSAGEM - CUIDADO COM OS BAJULADORES!

                    MENSAGEM DE ROBERTO GAMEIRO

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Quando, no seu trabalho, você faz a gestão de uma colegiada e tem um subordinado que só faz dizer amém a tudo o que você fala ou propõe, sem jamais questionar ou acrescentar, e você sabe que vai ser sempre assim, tenha a certeza de que, para tomar decisões, das mais simples às mais complexas, você tem um voto confiável a menos na equipe. Por outro lado, há que se ter muito cuidado com os bajuladores. Não se pode confiar sempre neles. Alguns são "estratégicos"; podem trair a qualquer momento. O bajulador estratégico elogia no início e, quando consegue a sua confiança, começa a denegrir a sua imagem diante dos demais de forma gradativamente mais intensa, sob a pecha de ser "seu amigo". Geralmente, ele quer o cargo que você ocupa. Você já conheceu algum desses?

 

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

MENSAGEM - A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM ORGANIZACIONAL


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A identidade é a forma como a organização pretende ser vista. A área do Marketing estuda, com ênfase, a imagem. A imagem é a forma como a organização é vista pelo consumidor dos seus produtos e ou serviços. A identidade organizacional tem relação direta com a cultura que forma o corpo da instituição ou de uma rede. Essa identidade é comunicada através dos serviços que são prestados pela instituição. À forma como os usuários dos serviços percebem os mesmos, positiva ou negativamente, podemos chamar de Imagem. Não adianta trabalhar uma imagem positiva se a identidade não a suporta ou não a comprova. Às vezes, constrói-se uma imagem altamente positiva por uma estratégia de marketing; porém, se a identidade não confirmar a imagem transmitida, não haverá fidelização. Isso vale também para escolas e redes.

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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

ESCOLA COMO EQUIPE


Roberto Gameiro

Há um bom número de anos, e haja anos nisso, atuava eu como vice-diretor de uma escola em São Paulo, quando numa certa manhã, recebi a mãe de um aluno de quinto ano, que vinha fazer reclamação sobre procedimento de uma professora.

Coincidentemente, a professora chegou e, de sua iniciativa, juntou-se a nós. A mãe mostrava-se muito chateada e, após um bate-boca com a professora, afirmou que a docente tinha chamado o filho dela de cafajeste. Levei um grande susto e tive vontade de me esconder embaixo da mesa, de vergonha. Passaram algumas frações de segundo, que pareceram um século, quando a professora retrucou:  “eu não chamei o seu filho de cafajeste!”. Aí, eu “cresci” de novo. Afinal, a professora estava desmentindo a mãe que, talvez, estivesse enganada, ou mal informada. Mas, qual não foi a minha decepção quando a professora arrematou: “eu o chamei de cafajestinho!”.

Esse fato realmente aconteceu. Não é apenas enredo/mote para um artigo. É um caso extremo que, felizmente, não teve similar em toda a minha vida posterior de diretor. Sempre tive a felicidade de trabalhar com docentes muito comprometidos, respeitosos e amorosos; mas mostra as agruras que o gestor escolar passa no dia a dia do funcionamento de uma escola.

Direção, técnicos, professores e auxiliares formam um todo que precisa ser coeso e coerente em relação ao projeto pedagógico da escola.

O diretor é o “padrinho” de todos, inclusive, e principalmente, dos estudantes, cabendo-lhe garantir um clima de respeito recíproco entre todos os agentes que ali atuam. Costumo dizer que a principal missão do diretor é fazer com que todos “sejam felizes na escola”; não uma felicidade descomprometida, um laisser-faire, mas algo fruto da assunção, por cada um, das suas responsabilidades, inclusive em relação aos aspectos da competência e da urbanidade.

Todos precisam conhecer, cumprir e fazer cumprir a missão, os princípios, os valores, as normas e as regras da Instituição e, nas confessionais, o carisma.

O futebol nos fornece pista comparativa interessante, que, embora possa parecer esdrúxula, serve para um bom debate: numa escola, o professor é o centroavante; o diretor é o goleiro; o projeto pedagógico é o técnico; a boa formação e o aprendizado dos alunos é o gol. Todos trabalham para atingir o gol e, para isso, devem formar uma equipe que precisa ser, além de eficiente, eficaz, seguindo disciplinarmente as orientações do técnico. Equipe eficaz é aquela que marca gols; se não, ela será, quando muito, eficiente.

O caso que encima este texto foi um verdadeiro “gol contra”.

Publicado originalmente em 17/12/2017.


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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional  e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br

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sexta-feira, 25 de outubro de 2024

LEVANDO VANTAGEM EM TUDO?


Roberto Gameiro


Dois amigos reuniram-se numa tardezinha para uma “cervejinha”.


Um deles, notando  que  o  outro estava  com a barba por fazer, brincou com ele dizendo:


- Você  sabia  que  tombou  um  caminhão  ali na avenida Marginal carregado com giletes?


O amigo deu uma risadinha demonstrando que entendeu a “indireta” e justificou o porquê de não ter “feito a barba”.


Até aí, trata-se de um diálogo até corriqueiro e uma licença metafórica jocosa em que se faz uma comparação subjetiva para se referir a algo de forma indireta.


Mas, então, há que se perguntar: - qual é esse “algo” a que o diálogo está se referindo?


Resposta: o hábito de muitos brasileiros de saquear cargas de veículos acidentados.


O diálogo sugere que o amigo perdeu uma boa chance de obter giletes de graça. Não significa, porém, que esses personagens fariam isso.


As imagens desses saques correm o mundo e tornam-se triste e vergonhosa representação de falta de decoro e decência de alguns, que contamina a forma como o mundo vê o nosso país.


Essa é uma ação criminosa que se soma a inúmeras outras que, infelizmente, estamos acostumados a ver nos noticiários diários.


No ranking do “Índice Global da Paz” de 2024, divulgado recentemente pelo “Institute for Economics & Peace” (Instituto de Economia e Paz), os três países mais seguros do mundo são, na ordem decrescente, a Islândia, a Irlanda e a Áustria”. Nesses países, nenhum cidadão entenderia a indireta que o conteúdo inicial deste texto traz.


Nesse ranking, o Brasil está na vergonhosa 131ª posição. Igual à da pesquisa anterior.


Rui Barbosa, quando Senador, em dezembro de 1914, escreveu: “A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem: (...) semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, (...) promove a desonestidade, promove a venalidade (...)” E mais: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”.


Como se percebe, essa situação é antiga.


Os cidadãos virtuosos, honestos, honrados, idôneos, especialmente os que são pais e professores de crianças e adolescentes, estão se sentindo impotentes para enfrentar essa falta de vergonha que grassa pelo país afora. Os princípios e os valores saudáveis que devem reger a vida em sociedade estão sendo destruídos pela desonestidade e pela corrupção, desestimulando os indivíduos a lutar contra essas influências deteriorantes que trarão danos também às próximas gerações.


Há que se buscar a transformação desta sociedade, cada um de nós fazendo a sua parte, para consertar o estrago que já foi feito por esta e pelas gerações anteriores, com perseverança e muita resiliência. Assim, talvez um dia, possamos nos orgulhar, como povo, da virtude, da honradez, do decoro e da honestidade. Aqui dentro e pelo mundo afora.

 

“O negócio é levar vantagem em tudo. Certo?”


- ERRADO!!


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sexta-feira, 18 de outubro de 2024

MENSAGEM - O CIGARRO SOB A PERSPECTIVA DA LÓGICA


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O cigarro constitui um dos piores males deste século e do anterior. O uso do cigarro já foi moda e estilo de vida de muita gente incentivada por propagandas vistosas que relacionavam o sucesso pessoal e profissional ao uso do cigarro entre os dedos. Hoje, esse tipo de propaganda está proibido. Ainda bem. Todos sabemos que esse hábito é a causa de diversas doenças, entre elas o câncer de pulmão, o AVC (Acidente vascular cerebral), o diabetes, o DPOC (Doença pulmonar obstrutiva crônica), o infarto e as úlceras gástricas. Se todos sabemos disso, e de sobejo, por que muita gente está, neste momento, iniciando-se nesse hábito? Não é preciso colocar a mão no fogo para constatar que queima. É uma questão de lógica. Simples lógica. 

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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA CURSIVA



Roberto Gameiro


Conta-se que certo escritor rascunhava seus textos manuscrevendo-os e depois sua secretária os transcrevia. Ocorre que certa vez a secretária não conseguiu entender uma passagem manuscrita e pediu ajuda ao escritor. Ele tentou ler o que havia escrito e, depois de várias tentativas, devolveu a ela e disse:


- Quando eu escrevi esse texto, eu e Deus sabíamos o que estava escrito;


- Agora, só Deus!




Nos Estados Unidos, muitos Estados aboliram a letra cursiva nas escolas, sob a alegação de que o uso cada vez mais frequente, pelos alunos, de computadores, torna desnecessário que a criança concentre esforços na forma cursiva. 


Magda Becker Soares, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, afirma que a abolição da letra cursiva na escola não traz perda propriamente na aprendizagem escolar, mas sim na aprendizagem para a vida social, nas comunicações pessoais como bilhetes, listas de compras, atividades que a escrita com lápis e papel resolve mais rapidamente, preservando a intimidade da comunicação.


Entre os médicos, a situação está sendo amenizada, já que a maioria utiliza o computador para "escrever" as receitas. No site do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas há um artigo da revista Superinteressante de maio de 2009 que informa que aquele sistema registrou, só em 2007, 1853 casos de intoxicação por erros de administração, dos quais, pelo menos 10% por “garranchos médicos”. Talvez por isso, o art. 11 do Código de Ética do CFM prevê que é vedado ao médico “receitar...ou emitir laudos...de forma...ilegível”. No dicionário eletrônico “Aurélio”, versão 7.0, a expressão “letra de médico” é definida como: “letra muito ruim, mais ou menos ininteligível”. Entretanto, não se pode generalizar; há médicos com letras exemplares. Por outro lado, não creio que nessa área, especialmente, a letra deva ser uma das principais competências dessa nobre profissão.


Nas escolas, públicas ou privadas, não há uma generalização da importância do ensino da escrita cursiva, faltando iniciativas para assumir a importância da caligrafia como parte do aprendizado escolar. Parece que muitos professores e gestores têm receio de serem taxados de “atrasados” se insistirem nesse ensino e nesse aprendizado. O fato, porém, é que, em geral, as nossas crianças e os nossos adolescentes escrevem muito mal, sendo difícil entender o que eles querem dizer nos seus textos.


Lembremo-nos de que a redação do ENEM, conforme a “Cartilha do Participante”, deve ser manuscrita com letra legível (não necessariamente cursiva), para evitar dúvidas no momento da avaliação, e que redação com letra ilegível não poderá ser avaliada.


Ademais, a versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) faz referência à escrita cursiva como “habilidade” essencial nos 1º e 2º anos do Ensino Fundamental.


Mesmo com o avanço da tecnologia e com a facilidade da escrita digital, que tem os seus méritos sem dúvida, há que se enfatizar, também, com as crianças e jovens, o aprendizado da escrita cursiva.


Afinal, ela não foi abolida do nosso dia a dia.

Ainda.

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Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 03/12/2017 sob o título "A escrita cursiva".

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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CRIANÇAS SEM LIMITES



Roberto Gameiro


Se os pais não colocarem limites nos filhos, quem vai fazê-lo? A Fonoaudióloga, a Pediatra, a Psicóloga, a Neurologista? Limites quem coloca são o pai e a mãe. É responsabilidade intransferível deles, junto da colocação de valores morais e éticos. A uma mãe, a um pai, deveria bastar um olhar, firme, sério, para fazer com que um filho, uma filha, se porte adequadamente em qualquer lugar: em casa, no clube, no shopping, no condomínio. Aos meus filhos, quando crianças e adolescentes, bastava um olhar da mãe, que eles chamavam de “olhar 43”, e pronto; tudo sob controle. 


Este artigo já tem a sua versão editada e ou atualizada em PODCAST no SPOTIFY para sua comodidade ou para pessoas com deficiência. CLIQUE AQUI E OUÇA!


Salvo casos comprovados de alguma patologia, que deverá ser acompanhada pelos profissionais citados, e outros, a verdade é que as crianças estão “deitando e rolando” sobre pais assustados que não sabem o que fazer para colocar limites nos filhos. E evitam tomar atitudes mais firmes para “não os traumatizar”. E procuram os consultórios na esperança de um “remedinho” que os faça acalmar.


Há crianças que ainda em tenra idade batem nos pais. Alguns acham isso até engraçado, e riem da atitude peralta da criança. Se isso não for coibido logo, essas crianças "peraltas e engraçadinhas”, quando adolescentes, vão continuar batendo, inclusive nos irmãos e nos amigos.  O ditado “é de pequenino que se torce o pepino”, desculpem a comparação, vale para essas situações. 


Não tem essa de chamar o filho de “amigo”, “amigão”. Filho é filho e não “amigão”. Pai e mãe não são amiguinhos dos filhos. São pai e mãe, e como tal precisam ser vistos e respeitados pela sua prole. Claro que o amor parental contém os atributos do afeto, da amizade, da ternura, componentes indissociáveis, mas sem que se abdique da autoridade inerente. Chamar os filhos dessa forma cheira a fuga da atribuição de colocar limites; “afinal, amigo é amigo”, nada mais.


Sempre é bom lembrar, entretanto, o que reza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): “Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis (...)”.


O movimento “Amor Exigente” tem uma frase bem apropriada: “meu filho, eu amo muito você, mas não posso concordar com o que você está fazendo”. Pena que alguns pais resolvam demonstrar o amor que têm pelos filhos colocando-se contra a escola quando esta toma alguma atitude mais firme em função de indisciplina e desrespeito. Educação se traz de casa; a escola é parceira no aprendizado e no reforço da educação que vem de casa.


Ora, se os pais não assumirem a responsabilidade por colocar limites nos filhos, quem fará isso no futuro: a polícia?

Publicado originalmente em 03/08/18.

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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

MENSAGEM - NEM TUDO É TRIGO; NEM TUDO É JOIO

                     MENSAGEM DE ROBERTO GAMEIRO

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Você já teve nas mãos uma espiga de trigo e uma de joio quando pequenas? São quase iguais. Até o cheiro de ambas é semelhante. Porém, enquanto vão amadurecendo, o trigo frutifica pleno de sementes e o joio vai ficando disforme sem nada produzir. Também as pessoas ao longo da vida passam por transformações que as distanciam umas das outras. Umas seguem o caminho correto da dignidade, da verdade, da honestidade, enquanto outras enveredam por trilhas obscuras, por posturas e ações tóxicas e incorretamente éticas. E pensar que quando crianças eram tão parecidas: na graça, na aparência, na inocência, na ingenuidade, na naturalidade e até nos cheiros.
 

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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

OS JOVENS E A INDIVIDUALIDADE


Roberto Gameiro


O que é motivo de riso para alguns, pode ser motivo de preocupação para tantos outros.


Este artigo já tem a sua versão editada e ou atualizada em PODCAST no SPOTIFY para sua comodidade ou para pessoas com deficiência. CLIQUE AQUI E OUÇA!


Billy Blanco (1924-2011), músico, compositor e escritor brasileiro, escreveu na sua composição musical “Canto Chorado”: “O que dá pra rir dá pra chorar. Questão só de peso e medida. Problema de hora e lugar...”


Noutro dia, recebi pelo WhatsApp uma charge com duas imagens. Na de cima, uma mãe, em 1996, puxando o filho para dentro de casa, tirando-o das brincadeiras de rua com seus amigos (provavelmente porque ele ficava muito tempo brincando na rua). Na imagem de baixo, uma mãe, em 2016, puxando o filho ("pendurado" num celular) para fora de casa (provavelmente, para ele brincar com seus amigos na rua). 


A charge é, geralmente, uma representação caricatural em que se satiriza um fato específico. E, também geralmente, rimos das mensagens propaladas.


Entretanto, o que é motivo de riso para alguns, pode ser motivo de preocupação para tantos outros, neste caso principalmente para os pais e os professores. 


Com efeito, a charge focada traz à tona uma das situações mais preocupantes em relação ao processo de formação das crianças e dos adolescentes hoje em dia. Os jovens estão se recolhendo para o campo da individualidade em detrimento das relações interpessoais com seus amigos e amigas, quando os têm. No afã de conseguir cada vez mais amigos virtuais, negligenciam a conquista, a manutenção e mesmo a cativação dos verdadeiros amigos da “vida real”. 


Mas convém lembrar que não são apenas os pais que dizem que os filhos ficam muito tempo no celular. Também filhos reclamam que pais não dão tanta atenção a eles quanto dão à telinha do celular ou do computador. 


E quando há esse “embate” todos perdem. Perdem os pais, os filhos, os familiares, os amigos e a relação social como um todo; o somatório das individualidades não tem resultado numa “sociedade”, entendendo-se sociedade como um “conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns, e que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo”. (Dicionário Aurélio versão 7.0)


Estudos e pesquisas no Brasil e alhures demonstram que há uma relação preocupante entre o maior tempo de uso diário de celulares e o menor aproveitamento escolar dos adolescentes; há os que ponderam que eles usam os dispositivos mais para o lazer e menos para os conteúdos escolares.


Boa reflexão para pais, filhos e professores.


Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 17/04/20 sob o título "Jovens e a individualidade" e na revista "Nova Família" em 20/04/20.


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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

INFORMAÇÃO VERSUS SABEDORIA


Roberto Gameiro


Muitas informações, muitos dados, poucos conhecimentos, saberes escassos, pouquíssima sabedoria.


Assim é o momento histórico que vivemos. Há os que dizem que vivemos a época do conhecimento. Ledo engano. Vivemos, isso sim, a época da informação.


Isso porque para se afirmar que vivemos uma época disto ou daquilo, é preciso que a maioria da população esteja vivendo as causas e consequências daquela pertinência. 


Não é o que acontece no nosso país.


Há muitas informações, verdadeiras e falsas, circulando no mundo virtual e à disposição de quem acessar.


No entanto, para transformar uma informação em conhecimento, o sujeito tem de compreendê-la, analisá-la, interpretá-la; pelo menos.


Aí está o busílis; o nosso sistema educacional não está conseguindo levar os jovens a adquirir essas mínimas competências, como demonstram os resultados de provas nacionais como o IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica) e internacionais como o PISA (Programa internacional de Avaliação de alunos).


Portanto, não há que se dizer que vivemos uma época do conhecimento. Pelo menos, para a maioria da população brasileira.


Um conhecimento, quando comunicado, se torna um saber. 


A construção de novos conhecimentos tem sido privilégio de um pequeno percentual de cidadãos, que têm e tiveram acesso a um processo educacional e de aprendizado, na família e na escola, que os tornaram aptos a compor o concerto daqueles que representam e alimentam a sabedoria do povo brasileiro. É um grupo de homens e mulheres de todas as classes sociais que honram e dignificam a nossa cidadania com suas contribuições nos diversos segmentos da vida nacional.


Entretanto, é pouco.


Os países que conseguiram vencer essas barreiras privilegiaram o sistema educacional amplo como base e sustentáculo para o desenvolvimento sustentável e perene. Vejam os exemplos da Finlândia e do próprio Japão. 


Sabemos muito bem, de há muito, onde estão as nossas fragilidades. Falta o enfrentamento desses desafios.


Vamos juntos preparar os jovens para que sejam capazes de transformar informações e dados em conhecimentos, saberes e, consequentemente, em sabedoria!


Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 15/06/19.


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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

MENSAGEM - NÃO É FÁCIL SER ADOLESCENTE


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Não é fácil ser adolescente hoje. Nunca foi. A diferença é que atualmente são outros os quesitos que regulam as posturas e ações desses jovens. Agora, as preocupações são outras; dos jovens e de seus pais e educadores. Entre elas, podemos citar o aumento assustador do número de suicídios, o consumo crescente do uso de drogas das mais variadas espécies, lícitas e ilícitas, a violência que grassa na sociedade, o individualismo exacerbado, a baixa qualidade do ensino, especialmente nas escolas públicas, o desrespeito aos professores, o bullying, a quebra constante de paradigmas morais e éticos que deixa pais e educadores perplexos e indecisos etc. E põe “etc” nisso...

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sexta-feira, 2 de agosto de 2024

AS PROFISSÕES E A LÍNGUA PORTUGUESA

 Grupo, Pessoal, Gabarito, Confirmando

Roberto Gameiro


Há algum tempo, com o intuito de colaborar com um jornalista de TV que insistia em falar “subsídio” com som de “subzídio”, enquanto todos os seus colegas falam o termo corretamente, entrei no site da emissora para enviar o recado. Entretanto, após o registro do recado, tive de começar a preencher um longo questionário com: nome completo, endereço completo, RG, CPF, telefone, e-mail e respostas a uma série de perguntas. Só faltou pedir o número do meu sapato (rss). Desisti. E ele continua falando o termo de forma errada.


No “Aurélio”, encontramos uma das definições de “Profissão” como sendo “atividade ou ocupação especializada, e que supõe determinado preparo”.

O “determinado preparo”, acredito, refere-se aos conhecimentos inerentes ao exercício daquela profissão em particular.

Dá gosto dialogar com profissionais que conhecem profundamente os fundamentos, as práticas e as novidades do mercado relacionadas ao seu métier, à sua especialização.

Mas, mais do que isso, como é agradável conversar com quem sabe usar bem a língua portuguesa, sem cometer aqueles erros graves que nos “doem nos ouvidos”.

Há determinadas profissões em que a utilização correta da língua portuguesa acrescenta credibilidade às competências inerentes à ocupação respectiva.

Neste artigo, permito-me referir a profissionais da comunicação, inclusive professores. E começo homenageando esses profissionais pela importância que suas profissões agregam à sociedade como um todo, especialmente às crianças e adolescentes, que estão em fase de formação. Diariamente, nas suas diversas modalidades de atuação, comunicam-se com a população, pessoalmente ou por meio das mídias. Participam, portanto, do processo de educação dos jovens com informações que vão ser agregadas à cognição deles.

Mas, por mais competentes que esses profissionais sejam nas suas especializações, não há como aceitar erros crassos de fala e escrita de alguns poucos como, por exemplo, “previlégio” no lugar de “privilégio”, “subsídio (subzídio)” no lugar de “subsídio (subssídio)”, “de encontro a” no lugar de “ao encontro de”, “esteje” no lugar de “esteja”, “análize” no lugar de “análise”, “mal” no lugar de “mau”, “a” no lugar de “há”, “perca” no lugar de “perda”, “comprimento” no lugar de “cumprimento” etc.

Há um velho ditado que diz que “errar é humano, mas persistir no erro é burrice”. A língua portuguesa é bastante complexa e, mesmo os que a usam habitualmente na sua profissão, cometem erros que, quando os identificam, ficam sem graça e desconcertados; mas corrigem-se e não erram mais. 

Sempre que pudermos, vamos colaborar com os que necessitam de uma “ajudinha” em relação a esses termos corriqueiros. Sob pena, inclusive, de eles não gostarem.

Entretanto, há que se registrar que o nosso idioma é uma língua viva e, como tal, está sujeito a acomodações semânticas, ortográficas e fonéticas em função da repetição exaustiva da escrita ou da fala de determinados significantes, ou de reformas ortográficas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a expressão “através de”, que, a partir do dicionário “Aurélio Século XXI” teve o seu significado ampliado para “por intermédio de”. Acredito que analogamente, com o tempo, será aceita a palavra “subsídio” com o som de “subzídio”; mas, por enquanto, essa pronúncia é errada. 

E mais: talvez vocês se lembrem de que há muitos anos, quando nos aproximávamos, numa rodovia, de algumas cidades, encontrávamos à beira da estrada um grande outdoor com os dizeres: “Fique tranquilo. Aqui tem (e o nome de uma provedora de planos de saúde)”. Àquela época, teríamos de ler aquela palavra “tranquilo” com o som de “trankilo” pois deveria haver um trema no “u” para que ela pudesse ser lida corretamente, e não havia. Pois bem, após uma reforma ortográfica, a palavra perdeu o trema e o que era errado, agora é certo.

Durma-se com esse “barulho”.

Água mole em pedra dura...

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Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 12/03/19 e atualizado em 22/02/20.

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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional  e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br

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sexta-feira, 19 de julho de 2024

A SERENIDADE COMO PONTO DE EQUILÍBRIO

Roberto Gameiro

Noutro dia, encontrei, numa postagem no Facebook, a seguinte afirmação: “O bom de conversar com pessoas inteligentes é que você pode discordar sem correr o risco de virar inimigo ou ficar de mal.”. Procurei, mas não consegui encontrar a autoria.

Nessa frase, entendo que poderíamos trocar a palavra “inteligentes” por “bem-educados” e o sentido continuaria o mesmo. 

Sob essa premissa, ou seja, a de que estamos conversando com uma pessoa bem-educada, o diálogo flui de forma respeitosa e construtiva, o que constitui característica de maturidade cognitiva e emocional de ambas as partes. 

Dessa forma, todos ensinam e todos aprendem reciprocamente, enriquecendo-se intelectualmente. Todos ganham e o relacionamento se fortalece.

Neste mundo atual em que os relacionamentos estão pautados por ideologias   extremamente discrepantes, em segmentos significativos da população, todo e qualquer empenho para trazer a serenidade para o centro das atenções dialogais, sejam pessoais, sejam nos grupos, ou, especialmente, entre nações, é condição primeira para o início de um entendimento produtivo.

A serenidade constitui, nestes casos, um “saber ouvir o outro” com atenção e respeito, procurando entender seus argumentos, mesmo que não concordemos com eles por termos pontos de vista divergentes, e tentar encontrar opções que possam atender e conciliar essas diferenças.

No campo diplomático das relações entre nações, na divergência, há que se procurar interesses comuns que, de forma corretamente ética, possam constituir pontes que levem à solução de conflitos.

E nos relacionamentos pessoais, idem, assim como nos grupos. Cada indivíduo tem visões e  perspectivas   de  mundo   personalíssimas  e  as  aplica  e  defende.          Sendo bem-
-educado e ou inteligente, espera-se que desenvolva um diálogo em que posições divergentes poderão ser enfocadas construtivamente.

Afinal, a diversidade de opiniões é essencial para o progresso e para o entendimento mútuo, e a serenidade é o ponto de equilíbrio para a discussão de qualquer conflito.

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