Roberto Gameiro
Certa vez, há muitos anos, viajando de ônibus em direção a um estado do Centro-Oeste, quando entramos na região, o motorista fez uma parada obrigatória num local em que o Órgão da Saúde aplicava a vacina contra a febre amarela nos passageiros ainda não vacinados. A vacina está recomendada nas ações de rotina dos programas de imunizações (Calendário Nacional de Vacinação) e deve ser aplicada em residentes de área com recomendação de vacina e em viajantes que se deslocam para essa área.
Havia duas filas: uma para identificação e preenchimento do cartão com o registro da vacina, e outra para, com o cartão na mão, receber a vacina. Pois bem; terminada toda aquela movimentação, com as confusões inerentes, todos dentro do ônibus e em seus lugares, ao prosseguirmos a viagem não pude deixar de ouvir a conversa de dois homens sentados nos assentos de trás do meu.
Eles contavam uma grande vantagem e riam ao mesmo tempo. Diziam que tinham passado apenas pela primeira fila, a do cartão da vacina, sem passar pela segunda fila para serem vacinados. E acrescentavam que agora eles tinham o documento que provava que eles estavam vacinados contra a febre amarela para apresentar na empresa em que trabalhavam. A um senhor que também ouvira a conversa e tentou, com toda educação, argumentar sobre o ilícito do ato que praticaram e sobre os malefícios que poderiam acontecer com a saúde deles mesmos, as respostas dos dois foram e são impublicáveis.
Mais do que uma personalidade deturpada, atos como esse demonstram a fragilidade de caráter de indivíduos desse naipe. Acostumado a abordar assuntos ligados à educação de crianças e adolescentes, fiquei imaginando qual seria o tipo de educação em moral e ética que esses senhores poderiam dar a seus filhos e, especialmente, nos campos da religiosidade e da espiritualidade. Além do exemplo de conduta, cabe aos pais conversar sempre com seus filhos acerca das (boas) posturas que devem ter individualmente e na coletividade. Mas não nos enganemos; há vários desses por aí. Que o digam os professores, coordenadores e seus assistentes e diretores de escolas públicas e privadas.
Algumas vezes, nas escolas, nos defrontamos com meninos e meninas indisciplinados, desrespeitosos com os professores, agressivos com os colegas, descumpridores das normas e regras, e ao chamarmos e conversarmos com o pai ou a mãe, constatamos que os jovens são verdadeiras vítimas da deseducação que recebem em casa. Esses casos não são tão raros quanto se possa imaginar (nas famílias e nas escolas).
Entretanto, felizmente, a maioria dos pais, além de ser muito cuidadosa com a formação em valores, é parceira da escola e não é conivente com malfeitos praticados pelos filhos; nem na escola, nem fora dela.
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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