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Roberto Gameiro
Era um domingo ensolarado. Estávamos em um restaurante. O casal, o marido à frente e a esposa atrás, saía em um silêncio que era absurdamente atropelado pelos gritos estridentes do filho, de uns cinco anos, que, ao lado da mãe, batia nela e bradava repetidamente: - Eu não quero, porr ...!
Quando tinha mais ou menos essa idade, eu gritei essa mesma interjeição. Em fração de segundo, levei um safanão da minha mãe, que me fez rodar feito um pião. Até hoje, idoso, não consigo pronunciá-la. E isso não fez com que diminuísse o amor que sempre senti pela minha mãe. Tempos diferentes.
Não.
Não estou incentivando que se bata nos filhos. Até porque, acertadamente, esse tipo de atitude agora é proibido por Lei no Brasil.
Entretanto, cenas grotescas como essa aqui narrada no primeiro parágrafo acontecem com lamentável constância em shoppings, restaurantes, clubes e congêneres.
São cenas que carregam intensas sensações de desconforto em quem as vive e em quem as presencia.
Há os que focam a atenção nos pais. Há os que focam na criança.
Nessas situações, as pessoas veem os pais e a criança ora como culpados, ora como vítimas; assim como, na forma de pano de fundo, reina em muitos o sentimento de “atire a primeira pedra quem nunca ...”
Aos meus filhos, quando faziam algo de errado, bastava um olhar firme da mãe, que eles chamavam de “olhar 43”, para tudo voltar à normalidade.
De qualquer maneira, a obrigação de colocar limites comportamentais nas crianças, desde a mais tenra idade, é dos pais. Essa obrigação não pode ser transferida aos professores. Os pais educam; os professores ensinam e reforçam a educação que os alunos trazem de casa.
Certo é que para colocar limites nos filhos, os pais precisam, antes de tudo, definir os seus próprios limites comportamentais através de um elenco de princípios e valores significativos que norteiem as suas posturas e ações e que sirvam de exemplos para a condução da educação da prole.
Como já escrevi num outro artigo, se os pais não colocarem limites nos filhos, quem vai fazer isso no futuro? A polícia?
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Cabe perguntar qual é aquele “modelo” de adulto que satisfaz a procura do jovem.
O engenheiro testa a composição da argamassa a ser usada na construção para saber se ela trará a segurança prevista em normas e necessária para a resistência e solidez da obra. Em outras palavras, ele testa para saber se pode confiar nela, se ela tem as características de que ele necessita; se não as encontra, vai procurar outras opções, outras possibilidades.
Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional.
Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Saber dar valor e fazer bom uso do que se é e do que se tem através do cultivo da autoestima, da perseverança, da resiliência e da espiritualidade, são elementos indispensáveis nos nossos diálogos com os filhos. Assim, talvez, ao longo da vida, eles terão menos motivos para lamentar o que eventualmente perderam, já não tenham ou já não sejam, num ciclo virtuoso de autovalorização e de percepção de que na vida passamos por inúmeros estágios de acertos e erros, de ganhos e perdas, de sucessos e fracassos, procurando, porém, não nos afastar do que nos move sempre para a frente, especialmente a crença em Deus.
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A nossa juventude é, basicamente, constituída de meninos e meninas bons, solidários e afetuosos, que valorizam as relações e, principalmente, a família. Entretanto, hoje, muitas crianças e adolescentes estão confusos e sem perspectiva por falta de referências que alicercem suas existências, apontem rumos e ajudem a marcar limites. A família é o lastro de segurança, o porto seguro que norteia as ações e delimita a construção e a implementação da nossa filosofia de vida. Esse lastro é complementado pela escola. Na escola, então, o controle da disciplina, a colocação de limites, o cumprimento de normas, necessários para a formação do bom cidadão, ganham contornos que exigem constantes atualização e aprimoramento das competências dos educadores (assim como dos pais).
Roberto Gameiro
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A boa convivência dos ex-cônjuges na presença dos filhos constitui lastro essencial para o crescimento e formação deles na direção certa e segura. É lamentável quando os pais são separados e um dos cônjuges é o "bonzinho" que só diz "sim" para tudo, e o outro, geralmente aquele com quem a criança mora, é o que tenta colocar regras de conduta, entre as quais há, invariavelmente, por necessidade óbvia, a palavra "não". Que bom seria se, conflitos à parte, os ex-cônjuges conseguissem privilegiar, juntos, os cuidados e a formação dos filhos, o que sei que é uma tarefa de difícil execução, mas não impossível.
Roberto Gameiro
A ABRANGÊNCIA DAS NOVAS POSSIBILIDADES
Atualizado em 04/01/2023
Roberto Gameiro
O início de um novo ano letivo traz pistas alvissareiras para reforçar relacionamentos antigos, refazer os perdidos e construir os novos.
É momento propício para renovação das empatias e busca de novas amizades, abrindo-se para as muitas opções que o meio escolar proporciona a estudantes e professores.
Superar desavenças, perdoar diferenças, colocar-se a serviço do outro, num somatório virtuoso de vivências significativas e valorativas.
Incrementar as antigas amizades, investindo em novas possibilidades saudáveis e gratificantes.
Receber os novatos com os braços abertos para o abraço fraterno e desinteressado e colocar-se à disposição para ajudá-los na adaptação e na ambientação à nova realidade.
Sim, eu estou falando de estudantes e também de professores. Não só os alunos precisam de ajuda ao começar suas vivências numa nova escola; os professores novatos precisam tanto quanto.
Todos nós, professores da Educação Básica, já fomos novatos numa escola n’algum momento da nossa atividade profissional. E como foi bom encontrarmos receptividade entre os novos colegas de magistério.
Não é fácil para os docentes enfrentar os primeiros dias numa nova escola, curso ou atividade. Sabemos que os alunos, principalmente os adolescentes, testam vigorosamente os novos professores, até para saber se podem encontrar segurança e confiar neles. Nesses momentos, o ombro amigo de educadores veteranos na casa, pode ser estratégico e oportuno.
Espera-se que os professores sejam verdadeiros mentores de seus novos colegas, assim como que os estudantes sejam padrinhos compromissados com os colegas novatos.
Tudo em prol da construção de relacionamentos humanos harmoniosos que proporcionem a criação de ambiente favorável ao aprendizado, ao ensino e ao crescimento e desenvolvimento de todos.
“As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas seu eco é infindável” Santa Teresa de Calcutá
Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional.
Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
Atualizado em 03/09/2022
Roberto Gameiro
Começo com uma pergunta simples.
Você já mentiu?
No caso de a sua resposta ter sido “não”, eu pergunto novamente: você realmente nunca mentiu?
A reflexão sobre “mentira e verdade” para a formação dos nossos filhos precisa passar, antes de mais nada, por um autoexame das nossas posturas em relação a esse tema.
E, aqui, nos vemos, muitas das vezes, numa situação “espinhosa”.
Como formá-los para a verdade se, por exemplo, seu filho atende ao telefone e diz:
-Pai! É o “Fulano de Tal”!
E você diz: “Diga que não estou”.
Alguém vai dizer: “Essa é uma mentirinha inocente”.
“Mentira inocente” continua sendo uma mentira; adjetivada, mas mentira.
E, então, o que fica, numa circunstância como essa, para a formação da criança? Ela, provavelmente, vai pensar: “então, existem “mentiras inocentes” que eu posso dizer e “mentiras não inocentes” que eu não posso dizer”. Entretanto, como o pai vai explicar para o filho qual o limite entre uma e outra?
Não existem “meias mentiras”, nem “meias verdades”. Ou é mentira, ou é verdade.
E de pouco adianta o recurso do “faça o que eu digo; não faça o que eu faço”; essa é uma postura autoritária que está fora de uso e, com certeza, mais afasta do que aproxima pais de filhos.
Difícil, não é?
Acredito que a expressão-chave para situações assim é “bom senso”. Mas, o que é “bom senso”?
Veja o que Descartes escreveu no seu “Discurso sobre o Método" a respeito do bom senso:
“(...) cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem. (...) isso é antes uma prova de que o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, que é justamente o que é denominado bom senso ou razão, é igual em todos os indivíduos. (...) Pois é insuficiente ter o espírito bom; o mais importante é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, como também das maiores virtudes."
No “Aurélio”, encontramos que “bom senso” é a aplicação correta da razão para julgar ou raciocinar em cada caso particular da vida.
Aplicar corretamente a razão, julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, entre a mentira e a verdade, agir sob a égide da justiça, devem ser norte para os pais no processo de formação dos seus filhos. O dia a dia, entretanto, nos lança desafios que só a presença significativa, a proximidade, o diálogo constante, a gratidão, o olho no olho, a sinceridade, a assunção das próprias fragilidades e limitações humanas, podem resultar em educação de verdade.
Educamos nossos filhos através do uso da razão e da emoção, às vezes exagerando numa ou noutra.
Entretanto, há que se buscar o equilíbrio no exemplo e no testemunho baseados nos valores familiares, dos quais não podemos nos afastar.
Acrescente-se, por oportuno, diante da proximidade das eleições para o Executivo e o Legislativo, nos níveis estaduais e federal, a necessidade do uso do bom senso na escolha dos candidatos. Há que se escolher as propostas que estejam calcadas na melhoria da qualidade de vida da população em todos os níveis socioeconômicos e na soberania nacional.
Para que essa escolha seja isenta, devemos ler, ver e ouvir todos os lados que se apresentam.
Há muitas verdades e muitas mentiras circulando pelas redes sociais, jornais, revistas, televisão, rádio e rodas de bate-papos. Discernir entre elas, exige a busca de evidências comprobatórias que as validem, excluindo-se, então, as mentiras e ficando apenas com as verdades. Assim, estaremos usando a razão e agindo como verdadeiros cidadãos, cônscios das nossas responsabilidades em relação ao futuro dos nossos filhos, netos, bisnetos...
“Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos somos membros de um mesmo corpo”. (Efésios 4,25)
Publicado originalmente em 25/09/2018.
Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional.
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