O TEXTO NO CONTEXTO COMO PRETEXTO - Para debates em família e na escola - Roberto Gameiro

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domingo, 29 de março de 2020

MUDANÇA DE ÉPOCA




Roberto Gameiro

Já se disse que a maioria das profissões atuais não existirá daqui a 10 anos; alguns preveem metade desse prazo. E sempre é bom lembrar, também, que a idade da pedra não terminou por falta de pedra, assim como, ao que tudo indica, a época do petróleo não vai terminar por falta de petróleo.


O avanço da tecnologia e das inovações tem mudado o modo de vida das pessoas assim como o mercado de trabalho. Se até há algum tempo ser qualificado para o trabalho decorria fundamentalmente de ser alfabetizado, já hoje decorre especialmente de dominar as tecnologias da informática e da automação e seus congêneres, com competências que, com o tempo, serão cada vez mais exigentes.
As funções mais qualificadas, mormente as de gestão e atendimento de pessoas, em todos os segmentos e níveis, estão demandando habilidades decorrentes de competências ligadas às ciências humanas, tais como solução de conflitos, liderança, criatividade, empatia e diversidade.
Por isso a importância da formação permanente, ou educação permanente, como forma de continuidade no mercado. Muitos profissionais, bem empregados em organizações sólidas, contentam-se com a sua formação inicial e, ao longo da carreira, só participam dos cursos, encontros, treinamentos, seminários e congressos oferecidos no âmbito restrito da própria empresa, sem buscar formação adicional como cursos de especialização, extensão, mestrado, ou ainda, doutorado. Quando eventualmente perdem o emprego, ficam perambulando pelos processos de recrutamento com um currículo que revela acomodação e, consequentemente, não ajuda, só atrapalha.
Por outro lado, louvem-se aqueles que, empregados, buscam uma formação complementar que lhes permita aprimorar seus conhecimentos profissionais, acrescentando novas competências e habilidades que os diferenciarão dos seus pares e os habilitarão para crescimento na carreira e no posicionamento no competitivo mercado de trabalho.

Essas premissas valem para qualquer área profissional, mas, especialmente, para gestores escolares e professores da Educação Básica. A escola, bem ou mal, está mudando; as metodologias e as técnicas de abordagem do "ensino" estão se adequando aos novos olhares e possibilidades de uma sociedade, por um lado, mais exigente em eficiência e eficácia, por outro, mais sensível às formas de relacionamento intramuros, até para compensar as limitações das famílias e a violência que caracteriza o "extramuros". 
Mudança de época ou época de mudanças, o fato é que poucos vão conseguir manter-se na mesma profissão ou função a vida toda.

Publicado originalmente em 06/08/17

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Artigo editado e publicado no jornal “O Popular” de Goiânia em 06/08/2017.

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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor na área de “Gestão de escolas de Educação Básica”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.


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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

MENSAGEM: A CONSTRUÇÃO DE NOVOS CONHECIMENTOS

MENSAGEM DE ROBERTO GAMEIRO
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domingo, 3 de novembro de 2019

TEORIA VERSUS PRÁTICA DOCENTE: O XIS DA QUESTÃO

Academia, Acadêmico, Conselho, Negócios
Roberto Gameiro

Este artigo faz uma breve análise das dificuldades que os professores recém-formados têm para iniciar-se na profissão. 

Começo com uma pergunta: o que é mais importante: a teoria ou a prática?

Já se disse que “na prática, a teoria é outra”; prefiro a máxima que diz que “na prática, nada melhor do que uma boa teoria”. 

Paulo Freire fala em “práxis”; que pode ser entendida como uma relação direta entre teoria e prática, ou seja, o sujeito aplica a teoria na prática e esta o leva à reflexão que o remete de volta à teoria que é realimentada pela prática e se torna uma nova teoria, num ciclo virtuoso saudável que constrói novos conhecimentos que, ao serem comunicados, se tornam saberes. Acrescenta que o refletir por refletir ainda não é práxis pois a teoria em si não leva automaticamente à prática. Por outro lado, o fazer pelo fazer é simples pragmatismo. 

Quem conhece a teoria tem condições de saber como agir em situações novas não previstas e ainda não vividas na sua prática. Por outro lado, quem só conhece a prática, sem consubstanciá-la com a pesquisa, fica limitado em suas ações. 

No seu livro “Pedagogia da Autonomia”, de 1996, Paulo Freire escreveu: “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino [...] Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.”

Levando esta reflexão para a prática docente, por que será que as boas escolas exigem que os seus novos professores tenham, entre outras competências, geralmente, experiência de dois ou três anos na docência? Eles não foram formados nos cursos superiores de licenciatura e Pedagogia para serem professores?

Claro que há que se levar em conta que os recém-formados, em qualquer profissão, têm certa insegurança ao iniciar o exercício profissional. 

Mas por que em algumas outras áreas as empresas vão buscar os novos profissionais  diretamente nas  universidades, entre os formandos, e estes já saem com empregos garantidos?

Os professores e os pedagogos recém-formados geralmente saem da universidade com muita teoria na cabeça mas pouca, ou, às vezes, nenhuma prática, salvo raras e honrosas exceções. 

Os cursos de Pedagogia e de Licenciaturas têm a obrigatoriedade do “estágio” como forma de levar o futuro professor ao contato com a prática de sala de aula. Sabemos, porém, das dificuldades para o encontro de oportunidades de estágio, e estágio sério...

Quando começam a lecionar, muitos fazem uso de saberes decorrentes de suas vivências anteriores à formação superior e ao exercício da docência, como, por exemplo, quando davam aulas particulares ou ajudavam os colegas ou, ainda, como fruto da observação de seus professores do Ensino Fundamental e do Médio...

Aí está o xis da questão, não o único: levar a práxis docente para dentro dos currículos dos cursos de pedagogia e licenciaturas, aproximando as teorias estudadas de suas práticas decorrentes para dar mais segurança aos futuros profissionais.

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Artigo editado e publicado no jornal “O Popular” de Goiânia em 17/11/18 sob o título “Teoria x prática docente”.

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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor nas áreas de “Gestão de escolas de Educação Básica” e “Educação de crianças e adolescentes”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br.

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domingo, 13 de outubro de 2019

TRAGO TUDO COMIGO


Livros Prateleira Biblioteca Estante De Li

Roberto Gameiro

A escola em que cursei o que hoje corresponde à segunda fase do Ensino Fundamental tinha como lema a frase latina “omnia mecum porto”. Embora tivéssemos no currículo a disciplina “Latim”, poucos de nós tínhamos a real percepção da profundidade semântica dessa frase; mas usávamos com orgulho o uniforme com a frase bordada nas costas!


Omnia mecum porto” significa “trago tudo comigo”. Conta-se que quando Priene, na Grécia antiga, estava cercada pelos Persas, todos se preocupavam em fugir levando bens, joias, ouro e prata, à exceção de Bias, um dos sete sábios da Grécia, que fugiu levando apenas seus livros e seus conhecimentos. Perguntado, ele respondeu: “Omnia mecum porto”, ou seja, o conhecimento e o saber são os bens que realmente têm valor para o ser humano.

Longe de mim querer dizer que é “pecado” ter bens, joias, ouro e prata. O que quero ressaltar da frase em questão é a importância que têm o conhecimento e o saber nas nossas vidas, bem como a percepção de segurança e liberdade que nos trazem para enfrentar os desafios cotidianos.

Conhecimento e saber são constituintes de um concerto humanístico que pode trazer, além de felicidade, a conquista de bens materiais. 

Por oportuno, vale recordar a diferença entre conhecimento e saber. O conhecimento é uma pertença do indivíduo, construído no seu cérebro através da inserção das informações que recebe no dia a dia. Quando você se dispõe a comunicar um conhecimento, ele volta à condição de informação e toma a forma de saber. 

Entretanto, cuidemos, porque conhecimento e saber podem ser usados para o bem, assim como para o mal.

Descartes (1596-1650) escreveu no seu “Discurso sobre o Método”: “Não é suficiente ter a mente sã: o essencial é bem aplicá-la. As maiores almas estão capacitadas aos maiores vícios como às maiores virtudes. Os que caminham muito vagarosamente podem se adiantar muito mais, se prosseguirem sempre em seu caminho reto, do que os que correm e se afastam desse roteiro.”.

Haja vista a situação de certos governantes, políticos e empresários envolvidos em processos de corrupção. Muitos usaram seus conhecimentos e seus saberes para o mal, acumulando ilegalmente imensas fortunas e bens dos quais não terão condições de usufruir nem que vivam vários séculos; para estes, dizer “omnia mecum porto” significaria o aporte de muitos contêineres com peso proporcional ao peso na consciência de cada um deles.

Lembremo-nos sempre do que disse Platão: “A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.”.

Obs.: Na passagem do tradutor para o inglês, “conhecimento” e “saber” têm a mesma tradução: knowledge.


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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 10/04/18. Atualizado em 13/10/19.


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domingo, 6 de outubro de 2019

CONHECIMENTO E SABER



Crânio, Cabeça, Humano, Masculino, Homem

Roberto Gameiro

Diversos são os olhares que se pode ter a respeito do que se entende por “conhecimento” e do que se entende por “saber”.  

Bernard Charlot(1), reportando--se a Monteil(2), afirma que o conhecimento é o resultado de uma experiência pessoal ligada   à   atividade de um sujeito provido de qualidades afetivo-cognitivas; como tal, é intransmissível, está sob a primazia da subjetividade; mas é uma informação de que o sujeito se apropria; afirma, também, que desse ponto de vista é também conhecimento, porém desvinculado do invólucro dogmático no qual a subjetividade tende a instalá-lo. E completa que o saber é produzido pelo sujeito confrontado a outros sujeitos, é construído em quadros metodológicos, e pode, portanto, entrar na ordem do objeto tornando-se, então, um produto comunicável, uma informação disponível para outrem. 

Sob o meu olhar, então, a mesma informação transmitida para dois sujeitos propiciará a construção de conhecimentos com características diferentes em cada um deles, na medida em que a construção de um novo conhecimento depende da interação que a nova informação terá com os conhecimentos prévios já existentes na memória de cada um deles. Por isso, o conhecimento é uma pertença do sujeito, algo inédito, ímpar nas suas particularidades. Quando, através da linguagem, você se propõe a “transmitir” um conhecimento, nesse momento ele volta à condição de informação e toma a forma de “saber”.  

Assim, poderíamos considerar, como forma de provocar reflexão e debate, que “conhecimento” está para o subjetivo, o individual, o psicológico, a moral, o não transmissível, enquanto “saber” está, na mesma ordem, para o objetivo, o coletivo, o sociológico, a ética e o transmissível. 

Conhecer as características de cérebro, mente, tipos de memória, informação, dados, conhecimento e saber é habilidade necessária para todos os que se pretendem pesquisadores, como forma de enriquecer seus fundamentos teóricos para desenvolver uma práxis adequada ao nosso tempo.

Paulo Freire escreveu no seu “Pedagogia da Autonomia” que não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino e que esses quefazeres se encontram um no corpo do outro. E, ainda, que “enquanto ensino continuo buscando, reprocurando, que ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago, e pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.

Há os que dizem que “na prática a teoria é outra”. Eu prefiro a máxima de que “na prática, nada melhor do que uma boa teoria”. 

Recordando Platão: “a coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento”. 

Referências 

1 - Charlot, Bernard. Da Relação com o Saber: elementos para uma teoria.    Trad. Bruno Magne, Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 

2 - Monteil, Jean-Marc. Dynamique sociale et systèmes de formation, Paris, Éditions Universitaires, 1985.

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Publicado originalmente em 01/01/18.

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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional  e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br

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domingo, 14 de julho de 2019

INFORMAÇÃO VERSUS SABEDORIA



Roberto Gameiro

Muitas informações, muitos dados, poucos conhecimentos, saberes escassos, pouquíssima sabedoria.

Assim é o momento histórico que vivemos. Há os que dizem que vivemos a época do conhecimento. Ledo engano. Vivemos, isso sim, a época da informação.

Isso porque para se afirmar que vivemos uma época disto ou daquilo, é preciso que a maioria da população esteja vivendo as causas e consequências daquela pertinência. 

Não é o que acontece no nosso país.

Há muitas informações, verdadeiras e falsas, circulando no mundo virtual e à disposição de quem acessar.

No entanto, para transformar uma informação em conhecimento, o sujeito tem de compreendê-la, analisá-la, interpretá-la; pelo menos.

Aí está o busílis; o nosso sistema educacional não está conseguindo levar os jovens a adquirir essas mínimas competências, como demonstram os resultados de provas nacionais como o IDEB (Índice de desenvolvimento da Educação Básica) e internacionais como o PISA (Programa internacional de Avaliação de alunos).

Portanto, não há que se dizer que vivemos uma época do conhecimento. Pelo menos, para a maioria da população brasileira.

Um conhecimento, quando comunicado, se torna um saber. 

A construção de novos conhecimentos tem sido privilégio de um pequeno percentual de cidadãos, que têm e tiveram acesso a um processo educacional e de aprendizado, na família e na escola, que os tornaram aptos a compor o concerto daqueles que representam e alimentam a sabedoria do povo brasileiro. É um grupo de homens e mulheres de todas as classes sociais que honram e dignificam a nossa cidadania com suas contribuições nos diversos segmentos da vida nacional.

Entretanto, é pouco.

Os países que conseguiram vencer essas barreiras privilegiaram o sistema educacional amplo como base e sustentáculo para o desenvolvimento sustentável e perene. Vejam os exemplos da Finlândia e do próprio Japão. 

Sabemos muito bem, de há muito, onde estão as nossas fragilidades. Falta o enfrentamento desses desafios.

Vamos juntos preparar os jovens para que sejam capazes de transformar informações e dados em conhecimentos, saberes e, consequentemente, em sabedoria!

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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 15/06/19.

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segunda-feira, 18 de março de 2019

AS PROFISSÕES E A LÍNGUA PORTUGUESA

Grupo, Pessoal, Gabarito, Confirmando
Roberto Gameiro

Há algum tempo, com o intuito de colaborar com um jornalista de TV que insistia em falar “subsídio” com som de “subzídio” enquanto todos os seus colegas falam o termo corretamente, entrei no site da emissora para enviar o recado. Entretanto, após o registro do recado, tive de começar a preencher um longo questionário com: nome completo, endereço completo, RG, CPF, telefone, e-mail e respostas a uma série de perguntas. Só faltou pedir o número do meu sapato (rss). Desisti. E ele continua falando o termo de forma errada.



No “Aurélio”, encontramos uma das definições de “Profissão” como sendo “atividade ou ocupação especializada, e que supõe determinado preparo”.

O “determinado preparo”, acredito, refere-se aos conhecimentos inerentes ao exercício daquela profissão em particular.

Dá gosto dialogar com profissionais que conhecem profundamente os fundamentos, as práticas e as novidades do mercado relacionadas ao seu métier, à sua especialização.

Mas, mais do que isso, como é agradável conversar com quem sabe usar bem a língua portuguesa, sem cometer aqueles erros graves que nos “doem nos ouvidos”.

Há determinadas profissões em que a utilização correta da língua portuguesa acrescenta credibilidade às competências inerentes à ocupação respectiva.

Neste artigo, permito-me referir a profissionais da comunicação, inclusive professores. E começo homenageando esses profissionais pela importância que suas profissões agregam à sociedade como um todo, especialmente às crianças e adolescentes, que estão em fase de formação. Diariamente, nas suas diversas modalidades de atuação, comunicam-se com a população, pessoalmente ou por meio das mídias. Participam, portanto, do processo de educação dos jovens com informações que vão ser agregadas à cognição deles.

Mas, por mais competentes que esses profissionais sejam nas suas especializações, não há como aceitar erros crassos de fala e escrita de alguns poucos como, por exemplo, “previlégio” no lugar de “privilégio”, “subsídio (subzídio)” no lugar de “subsídio (subssídio)”, “de encontro a” no lugar de “ao encontro de”, “esteje” no lugar de “esteja”, “análize” no lugar de “análise”, “mal” no lugar de “mau”, “a” no lugar de “há”, “perca” no lugar de “perda”, “comprimento” no lugar de “cumprimento” etc.

Há um velho ditado que diz que “errar é humano, mas persistir no erro é burrice”. A língua portuguesa é bastante complexa e mesmo os que a usam habitualmente na sua profissão cometem erros que, quando os identificam, ficam sem graça e desconcertados; mas corrigem-se e não erram mais. 

Sempre que pudermos, vamos colaborar com os que necessitam de uma “ajudinha” em relação a esses termos corriqueiros. Sob pena, inclusive, de eles não gostarem.

Entretanto, há que se registrar que o nosso idioma é uma língua viva e, como tal, está sujeito a acomodações semânticas, ortográficas e fonéticas em função da repetição exaustiva da escrita ou da fala de determinados significantes, ou de reformas ortográficas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a expressão “através de”, que, a partir do dicionário “Aurélio Século XXI” teve o seu significado ampliado para “por intermédio de”. Acredito que analogamente, com o tempo, será aceita a palavra “subsídio” com o som de “subzídio”; mas, por enquanto, essa pronúncia é errada.

E mais: talvez vocês se lembrem de que há muitos anos, quando nos aproximávamos, numa rodovia, de algumas cidades, encontrávamos à beira da estrada um grande outdoor com os dizeres: “Fique tranquilo. Aqui tem (e o nome de uma provedora de planos de saúde)”. Àquela época, teríamos de ler aquela palavra “tranquilo” com o som de “trankilo” pois deveria haver um trema no “u” para que ela pudesse ser lida corretamente, e não havia. Pois bem, após a reforma ortográfica, a palavra perdeu o trema e o que era errado, agora é certo. Durma-se com esse “barulho”.

Água mole em pedra dura...

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Artigo editado e publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 12/03/19 e atualizado em 22/02/20.

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segunda-feira, 4 de março de 2019

A BUSCA NECESSÁRIA DE EVIDÊNCIAS

Silhuetas, Pessoa, Máscara



Roberto Gameiro


As ponderações constantes neste artigo nos impelem a refletir sobre o processo de formação das crianças e adolescentes cuja condução está sob a nossa responsabilidade.


Na nossa memória de longo prazo, temos conhecimentos construídos ao longo da vida, os quais são denominados “conhecimentos prévios” que sustentam nossa cognição e nossas emoções e servem de base para a construção de novos conhecimentos a partir dos novos dados e informações que recebemos a todo momento. É, portanto, uma construção somativa cumulativa que vai crescendo sem que percebamos e formatando nossas percepções, nossas tomadas de decisão e nossas identidades como seres humanos e sujeitos de papéis sociais.

René Descartes (1596-1650) escreveu no seu “Meditações Metafísicas”, na “Meditação Primeira”: “Há já algum tempo me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera grande quantidade de falsas opiniões como verdadeiras e que o que depois fundei sobre princípios tão mal assegurados só podia ser muito duvidoso e incerto; ...”

Quantas falsas informações recebemos como verdadeiras sem cotejar com evidências que as validem, e as aceitamos como tal, inserindo-as na nossa memória e ponto.

Essas falsas informações vão servir de “adubo” receptáculo na inserção de novos dados e informações, construindo novos conhecimentos falhos na base.

É uma espécie de “bola de neve” que vai crescendo e nos iludindo, fazendo-nos tomar decisões erradas, conflituosas e ausentes de evidências comprobatórias.

Isso causa uma confusão mental significativa, principalmente se conflitivas com o nosso caráter e nossa personalidade.

É nesse momento que vale a pena conhecer a continuidade do texto de Descartes: “...de forma que me era preciso empreender seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões que até então aceitara em minha crença e começar tudo de novo desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo firme e constante nas ciências”.

 Você está ou já esteve nessa situação?

E as nossas crianças e adolescentes? Estão sendo capacitadas para discernir entre o certo e o errado?  Em meio a tantas novas tecnologias da informação disponíveis, estão habilitadas a procurar evidências que validem o que leem e ouvem, em fontes fidedignas, antes de aceitar como verdadeiras as informações, ou os dados? 

Não basta, portanto, que nós adultos assumamos a postura da dúvida proposta por Descartes há quase quatrocentos anos, no texto aqui apresentado, ou parte dela. Há que se capacitar os meninos e as meninas para assumir essa forma de tratar a construção dos seus conhecimentos, para não caírem nas armadilhas inerentes.

Se cada um de nós cuidar dos seus, além de contribuirmos para a importante formação de uma criança ou adolescente, construiremos, também, uma sociedade melhor, mais verdadeira e mais confiável. 


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