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Roberto Gameiro
A verdadeira compaixão não significa apenas sentir a dor de outra pessoa, mas estar motivado a eliminá-la.
Noutro dia, uma amiga virtual, a quem eu respeito e admiro muito o seu trabalho, pediu a minha opinião através do WhatsApp, a respeito da seguinte questão: “Será que podemos concluir que os jovens estão cada vez mais individualistas e alienados em relação aos problemas individuais, familiares e sociais, ou o tempo que gastam na Internet inclui consciência social e demais problemas que os envolvem?”.
A proposição da amiga, acredito, surgiu após a leitura do meu artigo “Os jovens e a individualidade”, publicado no meu blogue em 19/04/20; você poderá ter acesso direto a ele, clicando em (Leia também) ao final deste texto.
Muito oportuna a pergunta sobre consciência social e problemas que envolvem os jovens, porque vivemos uma época que está a colocar dúvidas quanto a alguns conceitos que tínhamos a respeito dessa temática. É a partir desta parte da pergunta que foco este texto.
Aqui está um questionamento que pode ser objeto de muita reflexão da nossa parte, com grau de abertura para inúmeras abordagens, numa diversidade que poderia eventualmente elevá-lo à categoria de pergunta-chave para a proposição de hipóteses em Dissertações e Teses.
Afinal, diante das dores de outra pessoa, conscientização e compaixão bastam?
Por isso, delimito aqui a minha abordagem enfocando a palavra “consciência” e, consequentemente, a “conscientização”. Você notará que este artigo não esgotará o contido na questão, mas peço a sua compreensão devido à limitação de espaço neste tipo de texto.
Valho-me, então, da metodologia “ver, pensar e agir” em relação a uma situação, a um fato. A taxionomia de Bloom pode também ajudar no entendimento das fases.
Neste ponto, é oportuno lembrar que a “Taxionomia de Objetivos Educacionais”, de Benjamin Bloom e outros, propõe capacidades cumulativas, quais sejam: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Aqui, ficaremos apenas com as três primeiras que, nos parágrafos abaixo, apresentam-se em negrito.
Nessa sequência, o “ver” poderia ser o “tomar conhecimento de”, inteirar-se acerca de” como primeiro e importante passo na elaboração de uma possível reflexão em relação à situação, ao fato; até porque não se pode pensar a respeito de algo, sem conhecê-lo a contento.
Conhecido o objeto, segue-se o “pensar”, ou seja, o momento de abstração em que se procura chegar a uma compreensão do analisado. É a hora da reflexão que pode levar à conscientização. Essa conscientização do problema ou fato deveria levar à busca de ações que pudessem resolver ou pelo menos minimizá-lo. Entretanto, ouvimos falar muito de “conscientização dos jovens” como momento final de projetos; para-se na conscientização como objetivo final.
Não basta, portanto, levar os jovens seja presencialmente ou através da Internet, apenas à conscientização a respeito de uma situação-problema. É importante que o mesmo projeto contenha propostas de ações sobre ela, o que seria o “Agir” da proposta metodológica, ou seja, a aplicação do que foi conhecido, compreendido e conscientizado.
Por analogia, podemos também nos ater à palavra “compaixão” como decorrência de um processo de conscientização. Daniel Goleman, autor do best seller “Inteligência Emocional”, caracteriza-a (a inteligência emocional) como a capacidade que um indivíduo tem de identificar os seus próprios sentimentos e os dos outros, de se motivar e de gerir bem as emoções internas e os relacionamentos. E escreveu que “A verdadeira compaixão não significa apenas sentir a dor de outra pessoa, mas estar motivado a eliminá-la”.
Dalai Lama escreveu a respeito: “A verdadeira compaixão não consiste em sofrer pelo outro. Se ajudamos uma pessoa que sofre e nos deixamos invadir por seu sofrimento, é que somos ineficazes e estamos somente reforçando nosso ego.”.
O texto bíblico também nos ajuda: "Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade." I João, 3, 18
Estas reflexões valem também, por óbvio, para os adultos.
Muito a pensar, refletir e conversar com nossos filhos e alunos.
Publicado originalmente em 24/05/2020. Reeditado em 02/01/2025.
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Roberto Gameiro
Vivemos nos construindo e nos reconstruindo. Como seres humanos, procuramos construir conhecimentos por meio das informações que recebemos constantemente nas nossas vivências com as outras pessoas, seja pessoalmente, ou através das diversas mídias que nos cercam por todos os lados; as boas e as más.
Neste texto, permito-me abordar em especial os inter-relacionamentos dialógicos, ou seja, através dos diálogos.
À medida que vamos convivendo com conhecidos, amigos e parentes, vamos conhecendo as suas posturas, suas formas de ver o mundo, seus assuntos prediletos, suas peculiaridades e suas aspirações. Daí, com o tempo, vamos nos adequando à forma de conversar com cada um deles para tentar tornar os diálogos frutíferos.
Vamos conhecer alguns deles.
Há os que só falam em doenças, médicos, exames, remédios, dores aqui e ali. Com esses, evite a pergunta trivial “Como você está?”
Há os que só falam de si o tempo todo para mostrar o quão competentes são, suas conquistas, suas realizações.
Há os que falam o tempo todo e não deixam você falar; quando você consegue uma deixa para falar, é perda de tempo porque eles não o ouvem; estão apenas esperando uma deixa sua para continuar a falar e falar e falar... Pior ainda, aqueles que o interrompem intempestivamente no meio de uma argumentação, não lhe permitindo completar um raciocínio.
Há os que só falam de um determinado assunto o tempo todo, seja futebol, política, governo ...
Há os que têm sempre uma fofoca para contar sobre alguém. Cuidado com o que fala para esses, pois para os outros ele vai fazer fofoca sobre você.
Há os que são desbocados e falam palavrões o tempo todo porque acham bonitinho e todos riem dos seus impropérios. Agem como adolescentes. Não seja muito constante com esses; seja forte, pois você corre o risco de fazer o mesmo nalgum momento.
Há os que não têm humildade e entendem que sabem de tudo e têm respostas para tudo. Muitos são verdadeiros parlapatões (1). A propósito destes, o filósofo Mário Sergio Cortella tem um texto bem apropriado: “Humilde é aquela pessoa que sabe que não sabe tudo, que sabe que outra pessoa sabe o que ela não sabe, que ela e outra pessoa saberão muitas coisas juntas, que ela e outra pessoa nunca saberão tudo o que pode ser sabido.”.
Há aqueles que quando lhe falam sobre João, você fica sabendo mais sobre eles mesmos do que sobre João. Cuidado com esses também.
Você conhece, ou já conheceu alguma figura dessas? Se sim, que tal deixar um comentário a respeito? É claro, sem identificar a pessoa.
É através da convivência, dos diálogos, com os outros que nos tornamos “pessoa”. Para isso, o ideal é que a alegria esteja sempre presente nos encontros, nos reencontros, na partilha, na convivência fraterna, no respeito mútuo. O afeto, o “sorriso nos lábios”, o brilho no olhar são fatores catalisadores de relações sadias, autênticas, amorosas, construtivas e sementes de reciprocidades promissoras. (este parágrafo, editado, consta também do meu artigo "Construindo um sentido para a vida".)
Nesse sentido, o diálogo, para ser frutífero, deve ser precedido por uma postura de abertura para ele. É um “saber ouvir” e saber quando falar, respeitando o tempo do outro. É o encontro da fala com a escuta, ou como diz Rubem Alves: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de 'escutatória'. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir”. E acrescentou, com a sabedoria que lhe era peculiar, que: "Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.”.
Lembremo-nos sempre de que a pedagogia de Jesus é feita através de diálogos.
Este é um bom tema para conversar com os filhos e alunos.
Vamos lá?
(1) Parlapatão - Característica de quem vive contando mentiras ou vantagens.
Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional.
Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
Roberto Gameiro
A cena grotesca se desenrolava à vista de todos, menos das crianças, que ainda não haviam saído das salas. As duas mães, agarradas uma à outra, estapeavam-se, com xingamentos e ameaças. As pessoas presentes, estupefatas, não conseguiam acreditar no que viam. Não demorou muito para que as outras mães e educadoras interviessem, separando uma da outra.
O fato, inédito e único, aconteceu no pátio da escola no horário em que os pais entram para buscar seus filhos no final das aulas.
O que leva duas jovens senhoras, mães devotadas, de classe média alta, normalmente bem-educadas e postadas, a se engalfinhar para resolver problemas de relacionamento entre os filhos, crianças com menos de seis anos de idade?
Crianças que nos dias seguintes estavam alheias à animosidade entre as respectivas mães, só não sendo totalmente tranquila a relação, menos pelo problema que levou à desavença, mais pelas recomendações maternas de distanciamento.
Como deveria agir a professora no relacionamento com as mães e com as crianças, após o acontecido, mantendo o equilíbrio que levasse todas as partes à paz?
O caso foi parar na polícia. E lá prosseguiu com desfecho que desconheço.
Mas, e na escola? Que providências a direção deveria tomar em relação a esse caso?
Segundo a UNESCO, “Mais do que teoria e prática, a não violência deve ser uma atitude que permeia toda a prática de ensino, envolvendo todos os profissionais de educação e os estudantes da escola, os pais e a comunidade, em um desafio comum e compartilhado (...) É fundamental promover e disseminar valores, atitudes e comportamentos que conduzem ao diálogo, à não violência e à aproximação das culturas, em consonância com os princípios da Declaração Universal da Diversidade Cultural, segundo a qual: ‘Em nossas sociedades cada vez mais diversificadas, é essencial garantir uma interação harmoniosa entre pessoas e grupos com identidades culturais plurais, variadas e dinâmicas, bem como sua disposição de viver juntos’”. (1)
Direção de escola não é polícia, muito menos juiz. Escola é local de paz e de formação, inclusive para os pais em situações extremas como essa.
Até porque as crianças tinham de ser protegidas dos desatinos de suas mães.
Coube, então, aproximar as partes para buscar a pacificação e o relacionamento entre as duas pelo menos tolerável, preservando as crianças: isso aconteceu após a mediação realizada numa reunião tensa devido às posturas radicais iniciais das mães. Ao final, o bom senso prevaleceu em favor do bem estar das crianças e da boa convivência.
À época, as redes sociais, como as conhecemos hoje, ainda engatinhavam. Imaginem se fosse hoje; talvez alguém tivesse gravado em vídeo a cena esdrúxula e divulgado na Internet.
A natureza humana é um mistério.
Referência
(1) UNESCO, Cultura de paz no Brasil, Educação sem violência. Encontrado em https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/culture-peace. Acessado em 04/02/2022.
Publicado originalmente em 11/07/18. Atualizado em 04/02/22
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional.
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