O TEXTO NO CONTEXTO COMO PRETEXTO - Para debates em família e na escola - Roberto Gameiro

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sábado, 22 de abril de 2023

RELACIONAMENTOS FAMILIARES

Roberto Gameiro

Era uma tarde quente de verão. Eu estava participando de um encontro profissional de planejamento estratégico que seguia por vários dias. No local da atividade, não havia sinal para funcionamento dos celulares (ainda na época dos “tijolões”). A única opção, para contato com as famílias, era um boteco tipo mercearia que havia a uns seiscentos metros do local do encontro, e que tinha um telefone público. 


E lá íamos nós, um grupo de uns dez colegas de trabalho, homens e mulheres, das mais diversas funções; tropeçando nos buracos da rua sem asfalto e “comendo” poeira pelo percurso.


No local, o espaço era exíguo ao lado do “orelhão”, de modo que ficávamos meio que “amontoados” aguardando a nossa vez de falar, e (por óbvio) ouvindo as conversas dos colegas com seus familiares.


Foi quando um de nós, já de certa idade, pegou o fone e ligou para sua casa.

 

Logo, alguém atendeu e ele começou um diálogo que nos emocionou sobremaneira.


- Olá, meu amor, meu amorzinho! Quanta saudade de você! Você está bem? Não vejo a hora de voltar para casa para estar com você minha querida...


O diálogo prosseguia muito meloso, e, ao que tudo indicava, com reciprocidade do outro lado da ligação. 


E nós, sussurrando, comentávamos como ele era cuidadoso com a esposa, alguns até com inveja de tamanha dedicação, carinho e afeição.


Num mundo cheio de violência, que bom ouvir uma conversa tão amorosa, respeitosa e apaixonante entre um casal que se ama.


Depois de um tempo, ele terminou aquele contato e, engrossando a voz, perguntou:


- E a cascavel, está aí?


Foi aí que percebemos que ele estava falando, primeiro, com a filha dele.


E a cascavel vocês podem imaginar quem era. 

 

Num mundo cheio de violência, que tristeza sentimos ao ouvir um marido se referir assim à sua esposa. 


Mas, não nos enganemos. Há muitos assim. Eu mesmo conheci vários no exercício da minha profissão de diretor escolar.


Entretanto, não podemos nem devemos nos precipitar no julgamento de quem quer que seja.


Eu mesmo tenho feito julgamentos precipitados, dos quais tenho me arrependido depois de ter a oportunidade de conhecer o outro lado do fato; estou procurando melhorar. 

 

Antes de qualquer coisa, devemos nos perguntar se temos o direito de fazer julgamento acerca de relacionamentos alheios.

 

Os relacionamentos humanos, em especial os conjugais, são complexos e cheios de nuances difíceis de serem entendidas e compreendidas por quem está de fora.


Há um ditado popular que diz “Em briga de marido e mulher, não metas a colher”.


É do jornalista, filósofo e professor Clóvis de Barros Filho a afirmação: “Pessoas de bem não gostam de machucar aquelas que amam. E a gente vai aprendendo a estabelecer acordos na vida para diminuir cada vez mais a chance de machucar as pessoas.”.


Costumo brincar dizendo que algumas pessoas não têm um órgão denominado “Desconfiômetro”, e que deveriam tomar um “medicamento” denominado “Simancol”.

 

Mas, brincadeira à parte, o episódio aqui narrado aconteceu na segunda metade dos anos 1990. Espero que hoje ele esteja chamando a filha e a esposa de “meu amor”, "meu amorzinho”.


Afinal, num relacionamento conjugal, “um precisa do outro tanto quanto o outro precisa do um”.


 Assim como os filhos precisam dos dois.


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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional  e em Design Instrucional. 

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sábado, 18 de março de 2023

MENSAGEM - OS JOVENS E OS JOGOS VIRTUAIS

MENSAGEM DE ROBERTO GAMEIRO

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TEXTO PARA VERSÕES EM OUTRAS LÍNGUAS
TEXT FOR VERSIONS IN OTHER LANGUAGES 

Na "vida virtual", os jovens são abastecidos diariamente com algumas opções de jogos que exploram exaustivamente a violência e desrespeito ao ser humano com ações em que eles "matam" os inimigos ou adversários com a maior facilidade, própria da tecnologia utilizada naqueles aplicativos. Ali, a vida humana não vale nada. É desvalorizada. Ganham os que mais "matam". Entretanto, quem pode se considerar realmente "vencedor" nesses jogos? Com certeza, vencem aqueles que conseguem dizer "não" para eles; esses são os verdadeiros vitoriosos pois rechaçam esses absurdos e optam por aqueles (muitos) que são construtivos, educativos e saudáveis.

Roberto Gameiro

 

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sábado, 12 de fevereiro de 2022

ESCOLA, LOCAL DE PAZ

 




Roberto Gameiro


A cena grotesca se desenrolava à vista de todos, menos das crianças, que ainda não haviam saído das salas. As duas mães, agarradas uma à outra, estapeavam-se, com xingamentos e ameaças. As pessoas presentes, estupefatas, não conseguiam acreditar no que viam. Não demorou muito para que as outras mães e educadoras interviessem, separando uma da outra.


O fato, inédito e único, aconteceu no pátio da escola no horário em que os pais entram para buscar seus filhos no final das aulas.


O que leva duas jovens senhoras, mães devotadas, de classe média alta, normalmente bem-educadas e postadas, a se engalfinhar para resolver problemas de relacionamento entre os filhos, crianças com menos de seis anos de idade?


Crianças que nos dias seguintes estavam alheias à animosidade entre as respectivas mães, só não sendo totalmente tranquila a relação, menos pelo problema que levou à desavença, mais pelas recomendações maternas de distanciamento.


Como deveria agir a professora no relacionamento com as mães e com as crianças, após o acontecido, mantendo o equilíbrio que levasse todas as partes à paz?


O caso foi parar na polícia. E lá prosseguiu com desfecho que desconheço.


Mas, e na escola? Que providências a direção deveria tomar em relação a esse caso?


Segundo a UNESCO, “Mais do que teoria e prática, a não violência deve ser uma atitude que permeia toda a prática de ensino, envolvendo todos os profissionais de educação e os estudantes da escola, os pais e a comunidade, em um desafio comum e compartilhado (...) É fundamental promover e disseminar valores, atitudes e comportamentos que conduzem ao diálogo, à não violência e à aproximação das culturas, em consonância com os princípios da Declaração Universal da Diversidade Cultural, segundo a qual: ‘Em nossas sociedades cada vez mais diversificadas, é essencial garantir uma interação harmoniosa entre pessoas e grupos com identidades culturais plurais, variadas e dinâmicas, bem como sua disposição de viver juntos’”. (1)


Direção de escola não é polícia, muito menos juiz. Escola é local de paz e de formação, inclusive para os pais em situações extremas como essa. 


Até porque as crianças tinham de ser protegidas dos desatinos de suas mães.  


Coube, então, aproximar as partes para buscar a pacificação e o relacionamento entre as duas pelo menos tolerável, preservando as crianças: isso aconteceu após a mediação realizada numa reunião tensa devido às posturas radicais iniciais das mães. Ao final, o bom senso prevaleceu em favor do bem estar das crianças e da boa convivência.


À época, as redes sociais, como as conhecemos hoje, ainda engatinhavam. Imaginem se fosse hoje; talvez alguém tivesse gravado em vídeo a cena esdrúxula e divulgado na Internet.


A natureza humana é um mistério.


Referência


(1) UNESCO, Cultura de paz no Brasil, Educação sem violência. Encontrado em https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/culture-peace. Acessado em 04/02/2022. 


Publicado originalmente em 11/07/18. Atualizado em 04/02/22


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sábado, 14 de agosto de 2021

A CORRUPÇÃO NO BRASIL É ENDÊMICA

 


Roberto Gameiro

 

Cada população, ou região, tem algumas características que lhe são peculiares, e que aparecem com maior ênfase, especialmente, em momentos de tragédias. No Japão, após o tsunami, a população comprava o estritamente necessário para não prejudicar o próximo. Nos EUA, após os estragos do furacão Katrina, o comércio vendia bens a preço de custo para ajudar a população. Na França, depois dos atentados terroristas, os táxis faziam corridas gratuitas.

 

No Brasil, na greve dos caminhoneiros, a gasolina chegou a quase dez reais o litro; a alface, sete reais o maço; o saco de batatas dobrou de preço. 

 

E não é, como alguém poderia imaginar, culpa apenas de maus políticos. Temos notícias dela (da corrupção) desde a época do Império. Parece que isso está impregnado no tal “jeitinho brasileiro”; afinal, “o negócio é levar vantagem em tudo; certo?” 

 

Errado.

 

Rui Barbosa, quando Senador, escreveu: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”.

 

Muitos de nós temos "experiências" vividas e sentidas na pele, no bolso, na mente e no coração. E ficamos impotentes diante de tanto descaramento. 

 

Eu mesmo, tive algumas vivências a respeito.

 

Você já ouviu falar sobre o ICM? Não, não se trata de “imposto sobre circulação de mercadorias”. Trata-se de “incentivo ao comprador moderno”. Um eufemismo para definir propina mesmo, um percentual sobre o valor da compra. Eu me vi diante dessa situação, certa vez, ao tentar vender mercadorias da minha representação comercial a uma determinada entidade. Se não houvesse o “ICM”, não haveria compra.

 

Claro que não houve a venda.

 

Noutra ocasião, fui a uma instituição pública para pedir informações sobre um programa de financiamento para escolas particulares. Depois de um tempo de espera, um senhor engravatado me recebeu e pediu que o acompanhasse até uma salinha lá no fundo da repartição. Você fará jus a um pirulito se adivinhar o que aconteceu lá!

 

Adivinhou!

 

O pedido de propina foi explícito e escandaloso. Se eu não concordasse com o percentual de “compensação aos esforços da equipe”, não adiantaria nem dar entrada na papelada.

 

Claro que não houve o pedido.

 

Certa feita, quando eu dirigia uma obra social dedicada ao atendimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, a Coordenadora da Casa recebeu a visita de um homem de terno e gravata, muito bom falante, que se dizia agente de um fundo do governo destinado a obras como a nossa. Ele oferecia R$5.000,00 de doação, com "apenas" uma "pequena" condição...

 

Olha o pirulito! 

 

A entidade teria de assinar um recibo no valor de R$10.000,00. Ele saiu com a mesma velocidade com que entrou...

  

E você? Já teve "experiências" com pessoas ou instituições corruptas? 

 

A corrupção no Brasil é endêmica. 

 

Faz vítimas em todos os escalões da sociedade. Quando a gente pensa que com as recentes ações da Polícia Federal, das polícias estaduais, do Ministério Público e dos tribunais de justiça, os corruptos desaparecerão, eles afloram como uma infestação de ratos. Neste momento em que você, caro leitor, lê este post, há muitas pessoas e empresas sendo vítimas de corruptos pelo país afora. Infelizmente.

 

Por outro lado, sabemos que, levando em conta a população do país, o número de corruptos é ínfimo. A maioria da população brasileira é constituída de pessoas do bem. 

 

Ainda bem. 

 

Há, felizmente, esperança. 

 

Portanto, não desanimemos da virtude, valorizemos a honra e não tenhamos vergonha de sermos honestos.

 

E, como escreveu Capistrano de Abreu, brasileiro de Maranguape: “todo brasileiro deve ter vergonha na cara; revogam-se as disposições em contrário.”.


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sábado, 29 de maio de 2021

MENSAGEM - BULLYING - ORIENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO

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sábado, 13 de março de 2021

MENSAGEM - CRIANÇAS À MERCÊ DA BANDIDAGEM NA INTERNET

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domingo, 25 de outubro de 2020

PODCAST: BULLYING - CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

 

PODCAST DE ROBERTO GAMEIRO

BULLYING - CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

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domingo, 19 de julho de 2020

SOBRE O BULLYING


Roberto Gameiro
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) divulgou, em abril de 2017, os resultados de um estudo feito em 2015, com estudantes de 15 anos, que aponta que 17,5% deles já sofreram bullying. Desse total, 7,8% disseram que são excluídos pelos colegas, 9,3%, alvos de piadas, 4,1%, ameaçados, 3,2%, empurrados e agredidos fisicamente, 5,3% têm suas coisas destruídas por colegas, e 7,9%, disseram ser alvo de rumores maldosos.

Não pense, entretanto, que o menino ou menina que está praticando bullying contra seu filho ou filha é um marginal ou candidato a marginal no futuro.
Na maioria das vezes, eles carecem de orientação e acompanhamento. Eles ainda não estão formados, assim como os seus. Enquanto são crianças e adolescentes, ainda não têm todos os setores do cérebro desenvolvidos a contento para discernir totalmente entre o certo e o errado e a controlar as emoções.
Não pense, também, que a culpa é dos pais deles. Não necessariamente. Os pais deles provavelmente querem o melhor para eles, e o melhor que pais desejam para seus filhos não passa pelo desrespeito aos outros, ou pela delinquência. Talvez, eles também estejam surpresos com as atitudes do filho ou filha.
Claro que há exceções, as quais devem ser identificadas e acompanhadas por profissionais habilitados nos campos da orientação educacional, da psicologia, da medicina e, também, no campo da assistência social.
Geralmente, as ações de bullying acontecem na escola, ambiente propício e adequado para a gestação e desenvolvimento das “novidades” biológicas e psicossociais características dessas faixas etárias. Nesse ambiente, eles estão se descobrindo e descobrindo os outros com quem convivem; os conflitos são inevitáveis e fazem parte do crescimento social e psicológico deles, na busca da formação de suas personalidades.
Por isso, a importância de se viver plenamente a compreensão, que desculpa as falhas dos outros, reconhecendo que o erro é inerente à condição humana. Mas, ao mesmo tempo, há que se proteger, com firmeza e doçura, a nossa prole, não abdicando da busca de diálogo com todos os personagens que fazem parte do dia a dia dos filhos.
Entretanto, nem toda desavença existente entre crianças e ou adolescentes é bullying.
Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, ligados à agressividade verbal, física ou psicológica, contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos  e ou  psicológicos às vítimas, sendo exercidos de maneira continuada por parte de um indivíduo ou de um grupo.   
Assim, tanto a família quanto a escola devem permanecer sempre atentas às possíveis mudanças de comportamento dos seus alunos/filhos. Os pais e os professores podem perceber essas mudanças. Geralmente, o menino ou menina que está sofrendo bullying apresenta depressão, ansiedade, baixa autoestima, isolamento, exclusão, perdas materiais, queda no rendimento escolar, entre outras.
Numa época em que a violência reinante na sociedade como um todo adentra as escolas públicas e privadas, deteriorando relacionamentos que envolvem alunos, professores, pais, coordenadores e diretores, haja vista as manchetes que vemos sempre na mídia, há que se buscar um denominador comum que reconstrua a paz nesses vínculos.
Façamos, cada um de nós, a nossa parte e fiquemos “de olho” nos nossos “tesouros”.

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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 12/09/17.

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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor na área de “Gestão de escolas de Educação Básica”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br

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domingo, 3 de maio de 2020

BRINCADEIRAS DE MAU GOSTO


Queda, Escorregar E Cair, Perigo




























Roberto Gameiro

Neste tempo  de quarentena, aqui está um assunto que pode ser  interessante  para  conversar com os filhos e com os alunos.

Houve época em que as brincadeiras entre crianças e entre adolescentes se caracterizavam pelo lúdico, pelo mistério, surpresa e disputas saudáveis e agradáveis, pelo divertimento e entretenimento, pelos joguinhos etc.

As atividades em grupo eram desenvolvidas com respeito ao próximo, mesmo que de vez em quando houvesse um joelho raspado, uma queda, um encontrão. Bons tempos!

A sociedade muda constantemente em todos os segmentos que a compõem. Às vezes para melhor, às vezes para pior.

No campo dos relacionamentos entre crianças e entre adolescentes, uma marca da época em que vivemos é a supervalorização da “vida virtual” em detrimento da “vida real”.

Na “vida virtual”, os jovens são abastecidos diariamente com algumas opções de atividades e jogos que exploram exaustivamente a violência e o desrespeito ao ser humano com ações em que eles "matam" os inimigos ou adversários com a maior facilidade, própria da tecnologia utilizada naqueles aplicativos. Ali, a vida humana não vale nada. É desvalorizada. Ganham os que mais "matam". E muitos jovens se impregnam desse “poder” destruidor. Daí a partir para posturas e ações reprováveis na “vida real” é um passo. Torna-se um descompromisso com as consequências dos próprios atos. Ficam como que anestesiados em relação aos bons hábitos e aos relacionamentos saudáveis. E partem para o desrespeito aos próprios pais e, por tabela, aos professores que viram verdadeiras vítimas e reféns.

Claro que não são todos que assim se assumem e agem; ao contrário, são uma minoria. Felizmente. 

E esse mesmo mundo virtual que, especialmente com os jogos violentos, alicia e corrompe muitos jovens, periodicamente traz “novidades” em brincadeiras, as quais podem ser denominadas, no mínimo, de mau gosto, além de serem perigosas.

Essas brincadeiras têm, de tempos em tempos, estarrecido as pessoas sensatas, tal o nível de perigo em que colocam a vida das pessoas, inclusive e principalmente de crianças e adolescentes.

A mais recente é a “quebra crânio”, em que a “vítima” é derrubada de tal forma que corre grande risco de ter um traumatismo craniano, ou até de ir a óbito. Antes dessa, há alguns anos, apareceu a “brincadeira” “Charlie Charlie” que consistia na invocação de um espírito do mal, e, depois, o “Jogo do desmaio” feita através da interrupção intencional da oxigenação e da irrigação sanguínea do cérebro. Não descrevo aqui o modus operandi dessas “brincadeiras” para não ser mais um disseminador de práticas reprováveis.

Quem pode se considerar “vencedor” nessas “brincadeiras”? Com certeza, vencem aqueles que conseguem dizer “não” para elas; esses são os verdadeiros vitoriosos pois rechaçam esses absurdos praticados por seus conhecidos e optam por aqueles (muitos) que são construtivos, educativos e saudáveis.

Pelo que se tem lido nas mídias, essas “brincadeiras” são realizadas entre pessoas amigas, inclusive entre adultos.

Os jovens que têm amigos assim não precisam de inimigos.
  
Mas precisam muito da ajuda de seus pais e professores. Vamos dialogar a respeito deste assunto com nossos filhos e nossos alunos?

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quarta-feira, 4 de março de 2020

MENSAGEM: NEM TODA DESAVENÇA É BULLYING

MENSAGEM DE ROBERTO GAMEIRO
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quinta-feira, 6 de setembro de 2018

ATENTADO! COMO EXPLICAR ÀS CRIANÇAS?

Crianças Brincando, Criança, Crianças


Roberto Gameiro

Após esse atentado contra um candidato à presidência do Brasil, ocorrido no dia 06 de setembro de 2018, fico me perguntando, e isso me angustia, como ficam as cabecinhas das crianças, nossos filhos e alunos, diante dessa barbárie.

Nos últimos anos, as nossas crianças têm se afastado gradativamente mais e mais dos contos de fadas e das fábulas que povoavam o imaginário infantil até então. Da mesma forma, as brincadeiras de antigamente têm sido substituídas pelo sedentarismo e atração representados pelos computadores e smartphones.

A Academia Americana de Pediatria, recentemente, recomendou aos médicos que indiquem às crianças brincadeiras livres e espontâneas, especialmente ao ar livre. Uma revista de grande circulação acaba de publicar uma reportagem sob o título “Brincar é o melhor remédio”, com abordagens muito significativas.

Essa é, também, a preocupação dos educadores da Educação Infantil, que se esmeram em trazer as crianças para hábitos saudáveis de relacionamentos interpessoais, priorizando o lúdico como base para a aquisição das competências inerentes àquelas faixas etárias.

Ocorre que aqueles mesmos instrumentos que encantam as crianças e os adolescentes no sentido contrário ao desejo de pais e educadores trazem, também, as notícias desse mundo violento em que vivemos,  especialmente no Brasil, além de exibir jogos participativos de perseguições e mortes. E os pais nem sempre conseguem perceber e evitar essa prática dos filhos. Nem os professores.

As crianças, como nós, adultos, estão vendo as cenas do atentado pelas telinhas dos celulares e pelos telejornais.

E, aí está o ponto-chave: acostumados a ver violência nos jogos eletrônicos, pode ser que não se espantem com a violência do atentado, pois o fato se aproxima dos enredos aos quais estão habituados.

O que assusta é que se observa uma espécie de anestesia tomando conta dos cidadãos, adultos, que já não se aperreiam diante dos atos de violência que acontecem diariamente no nosso país.

Entretanto, precisamos preservar as crianças e os adolescentes, sem, no entanto, aliená-los da vida em sociedade. Esse equilíbrio não é fácil de ser feito.

É momento de muito diálogo com os filhos e alunos. E de reflexão acerca da forma como os estamos educando.

Pelo menos, um fato teve mérito ao longo do episódio. Não houve linchamento do agressor em meio ao público, o que revela bom senso, ou atuação rápida das autoridades presentes no local. Espero que tenha sido o discernimento das pessoas, que não se deixaram levar para a barbárie.



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terça-feira, 6 de março de 2018

FAROESTE DOCENTE

Tiro de Light'N

Publicado em 06/03/18
Roberto Gameiro

Mas, o que é isso? Em que mundo estamos?

Do jeito que as coisas vão, em breve os currículos das licenciaturas deverão ser “enriquecidos” com disciplinas como “Tiro ao Alvo” e “Uso, manutenção e limpeza de armas de fogo”, entre outras. Na mesma onda, ao concluírem o curso, os licenciados provavelmente farão jus a, além do anel de formatura, um cinturão com uma grande fivela, uma cartucheira e um ”trintoitão”, ou uma automática, para usar por baixo do jaleco (ou por cima). 

“O que dá pra rir dá pra chorar...” já dizia a música de Billy Blanco (1924/2011). 

Essa ideia de os professores portarem armas para se defender e defender os alunos de atiradores solitários está, por enquanto, neste mês de março de 2018, apenas na cabeça do presidente americano e dos cartéis dos fabricantes de armas que o apoiam.  

Entretanto, se isso vingar por lá, podemos esperar que, consequentemente, algum grupo de “iluminados” daqui também defenderá a ideia para ser implantada no nosso país varonil. E, provavelmente, alegarão que “se lá foi necessário, aqui, mais ainda”. 

Há uma máxima na Medicina que diz: “suprima a causa que o efeito cessa”. 

Tanto lá como cá, a violência que atinge as escolas tem causas já muito bem diagnosticadas, mas, por motivos e pesos diferentes, essas causas são de difícil supressão, pelo menos, a curto prazo. 

Os nossos professores têm sido vítimas de governos incompetentes em todos os níveis que não honraram o mandato que o povo lhes outorgou, e de uma geração de pais em que muitos delegam para a escola atribuições que constitucionalmente a eles pertencem. 

Está mais do que na hora de se prestigiar os professores, dando-lhes o valor e o apoio que fazem por merecer, assim como fizeram países vencedores como o Japão, onde dizem que o Imperador só se curva diante de um professor.

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Artigo publicado no jornal “O Popular” de Goiânia em 06/03/2018.

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terça-feira, 12 de setembro de 2017

SOBRE O BULLYING


Roberto Gameiro
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) divulgou, em abril de 2017, os resultados de um estudo feito em 2015, com estudantes de 15 anos, que aponta que 17,5% deles já sofreram bullying. Desse total, 7,8% disseram que são excluídos pelos colegas, 9,3%, alvos de piadas, 4,1%, ameaçados, 3,2%, empurrados e agredidos fisicamente, 5,3% têm suas coisas destruídas por colegas, e 7,9%, disseram ser alvo de rumores maldosos.

Este artigo já tem a sua versão editada e ou atualizada em PODCAST no SPOTIFY para sua comodidade ou para pessoas com deficiência. CLIQUE AQUI
Não pense, entretanto, que o menino ou menina que está praticando bullying contra seu filho ou filha é um marginal ou candidato a marginal no futuro.
Na maioria das vezes, eles carecem de orientação e acompanhamento. Eles ainda não estão formados, assim como os seus. Enquanto são crianças e adolescentes, ainda não têm todos os setores do cérebro desenvolvidos a contento para discernir totalmente entre o certo e o errado e a controlar as emoções.
Não pense, também, que a culpa é dos pais deles. Não necessariamente. Os pais deles provavelmente querem o melhor para eles, e o melhor que pais desejam para seus filhos não passa pelo desrespeito aos outros, ou pela delinquência. Talvez, eles também estejam surpresos com as atitudes do filho ou filha.
Claro que há exceções, as quais devem ser identificadas e acompanhadas por profissionais habilitados nos campos da orientação educacional, da psicologia, da medicina, ou da assistência social.
Geralmente, as ações de bullying acontecem na escola, ambiente propício e adequado para a gestação e desenvolvimento das “novidades” biológicas e psicossociais características dessas faixas etárias. Nesse ambiente, eles estão se descobrindo e descobrindo os outros com quem convivem; os conflitos são inevitáveis e fazem parte do crescimento social e psicológico deles, na busca da formação de suas personalidades.
Por isso, a importância de se viver plenamente a compreensão, que desculpa as falhas dos outros, reconhecendo que o erro é inerente à condição humana. Mas, ao mesmo tempo, há que se proteger, com firmeza e doçura, a nossa prole, não abdicando da busca de diálogo com todos os personagens que fazem parte do dia a dia dos filhos.
Entretanto, nem toda desavença existente entre crianças e ou adolescentes é bullying.
Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, ligados à agressividade verbal, física ou psicológica, contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos  e ou  psicológicos às vítimas, sendo exercidos de maneira continuada por parte de um indivíduo ou de um grupo.   
Assim, tanto a família quanto a escola devem permanecer sempre atentas às possíveis mudanças de comportamento dos seus alunos/filhos. Os pais e os professores podem perceber essas mudanças. Geralmente, o menino ou menina que está sofrendo bullying apresenta depressão, ansiedade, baixa autoestima, isolamento, exclusão, perdas materiais, queda no rendimento escolar, entre outras.
Numa época em que a violência reinante na sociedade como um todo adentra as escolas públicas e privadas, deteriorando relacionamentos que envolvem alunos, professores, pais, coordenadores e diretores, haja vista as manchetes que vemos sempre na mídia, há que se buscar um denominador comum que reconstrua a paz nesses vínculos.
Façamos, cada um de nós, a nossa parte e fiquemos “de olho” nos nossos “tesouros”.

Publicado originalmente em 12/09/17

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Artigo publicado no jornal "O Popular" de Goiânia em 12/09/17.

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Roberto Gameiro é Palestrante, Consultor e Mentor na área de “Gestão de escolas de Educação Básica”. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br

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