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Roberto Gameiro
Noutro dia, li uma historieta que
relatava que um menino que andava nas ruas de mãos dadas com o pai, ao avistar
o caminhão que recolhia a sujeira e as coisas deixadas nas calçadas, perguntou:
- esse é o pessoal do lixo, não é papai? Ao que o pai respondeu:
- Não, meu filho, esse é o
pessoal da limpeza... o pessoal do lixo somos nós!
Segundo o site Ciclo Vivo, “(...) ao longo do ano--base de 2022, foram gerados no Brasil 77, 1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos. Esse montante corresponde a mais de 211 mil toneladas de resíduos gerados por dia, ou cerca de 380 kg por habitante no ano. Em média, cada brasileiro produz 1,04kg de resíduos todos os dias...”. (1)
É muito lixo, principalmente se
considerarmos que a maior geração se concentra nos grandes centros urbanos.
Grande parte desses resíduos é
coletado pelo “pessoal da limpeza”, como explicitado na historieta acima; ao
fazer esse enfoque, o pai destaca a importância do trabalho deles e propõe um
ponto de vista mais valorativo dessa atividade.
Cada um de nós tem uma visão de
mundo própria, fruto do dom de livre-arbítrio que nos foi concedido pelo
Criador. Por isso, há os que os veem como “pessoal do lixo”, assim como os que
os veem como “pessoal da limpeza”.
Por outro lado, ao nos definir
como “pessoal do lixo”, o pai dá uma deixa para refletirmos sobre as nossas
posturas e ações em relação à produção, descarte, e valorização das
pessoas que cuidam da limpeza nos espaços públicos e privados.
Adriana B. Scheeren Selau e Luciana Fofonka escreveram: “A questão do descarte do lixo urbano é tema que deve ser trabalhado sobretudo na esfera escolar, onde se possa construir no indivíduo e na coletividade a consciência no controle do consumo exagerado e do descarte de resíduos. A proposta da educação ambiental nas escolas deverá levar à mudança de atitudes que fomente a preservação do ambiente. Esse novo comportamento envolve desde o controle do consumo de materiais a serem descartados até o rejeite que favoreça a reciclagem, a reutilização e o reuso.”. (2)
Lembrando, também, que o tema “Educação Ambiental” aparece com ênfase em muitos enfoques da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), inclusive numa das Competências Gerais.
Entretanto, apenas a
conscientização e a compreensão não bastam. É importante que os estudantes
saibam como adequar as suas posturas e ações em relação a essa temática. E isso
se alcança com a prática. O dia a dia das atividades escolares precisa estar
pleno de cuidados com a limpeza e a conservação ambiental, a higiene, o
descarte adequado, o consumo consciente, a redução de resíduos e a
sustentabilidade na sala de aula, na escola, na região, no país e no planeta. E isso vale para cada um de nós; não apenas para os estudantes.
Há que se reconhecer e valorizar
todos os tipos de ocupação, dos mais simples aos mais complexos, pois é do somatório
de todos eles que se constrói uma Nação forte, produtiva, solidária e organizada.
Aí, talvez, nós não seremos mais “o
pessoal do lixo” ...
REFERÊNCIAS
( 1) CICLO VIVO – Brasil descarta 33
milhões de toneladas de lixo de forma irregular. Encontrado em:
https://ciclovivo.com.br/planeta/desenvolvimento/brasil-descarta-33-milhoes-de-toneladas-de-lixo-de-forma-irregular/ . Acessado em 11/02/2024
( 2) SELAU, Adriana Bordignon Scheeren e FOFONKA, Luciana – O descarte consciente através da Educação ambiental. Encontrado em https://revistaea.org/artigo.php?idartigo=3124.
Acessado em 12/02/2024.
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Deus criou o homem com o dom do livre-arbítrio, o que significa que cada um de nós tem a liberdade de escolher entre o certo e o errado. Entretanto, por óbvio, essa liberdade não é uma licença para malfeitos, dolo e demais ilícitos. Continuemos, todos nós, a jornada da busca do bem em detrimento do mal. Insistamos na prática cristã de fazer o bem sem olhar para quem. Plantando sementes do bem, nossa vida se completará plena de frutos valiosos, em energias indispensáveis para a melhoria da qualidade de vida de todos. Depende de cada um de nós.
Roberto Gameiro
Quando o trem parava em cada uma das estações, ele descia e batia com um martelo em todas as rodas da composição. Ele sabia do valor do seu trabalho porque o trem só saía depois que ele tivesse batido em todas as rodas. E se sentia “importante”. Assim foi durante 35 anos.
Um dia antes de se aposentar, o novo funcionário, o que ia substituí-lo e passara o dia com ele para aprender o ofício, quis saber o porquê de se bater nas rodas, o que o deixou chateado, mas respondeu-lhe: ora, eu trabalhei esse tempo todo sem saber, e você logo no primeiro dia já quer saber?
Esse relato, que pode ser fictício embora eu não tenha elementos para afirmar, é encontrado nas redes sociais com diferentes formas e desfechos; ele nos remete ao questionamento sobre a importância da capacitação e do treinamento, para o exercício de uma atividade laborativa ou da própria cidadania.
Por oportuno, vale lembrar que a capacitação profissional se refere à criação de competências, ensinando habilidades para desempenhar uma determinada função, enquanto treinamento profissional refere-se à obtenção de novas e melhores formas para pôr em prática uma habilidade já existente.
Fictício ou não, o relato acima nos estimula a realizar uma análise do contexto que nos apresenta: percebe-se que além da falha do funcionário, há uma falha da empresa que não conseguiu identificar essa fragilidade ao longo de tanto tempo; de gestores de RH, com certeza com nível superior de escolaridade, que não tiveram a percepção da importância dessa função para a segurança dos passageiros, constituindo, portanto, um ato de desrespeito aos usuários do serviço e, consequentemente, um ato falho de cidadania.
Remete-nos, também, por tabela, à importância da formação escolar para o mercado de trabalho e para o exercício da cidadania, colocando-nos no âmbito das escolas em seus diversos níveis.
E aqui, é importante abordar a figura do professor e sua formação na educação básica e na licenciatura.
Ao abordar esta temática, com especial enfoque na figura do professor, trazemos à tona uma importante discussão, em torno da qual orbitam as preocupações dos gestores escolares, na medida em que se questiona o processo de formação desse profissional, imprescindível para que se garanta educação de qualidade para esta e para as próximas gerações.
Precisamos, nas nossas escolas, de professores capacitados para o uso das novas tecnologias, que se tornem presença junto dos alunos como mediadores, orientadores, verdadeiros gestores das aprendizagens.
Que ajudem os estudantes a utilizar de maneira equilibrada e saudável as novas mídias e as redes sociais em prol da construção de novos conhecimentos, tornando prazerosas, instigadoras e desafiadoras as aulas e demais atividades pedagógicas, incluindo a conscientização para a cidadania, bem como para ações e posturas cidadãs.
Que consigam aplicar e fazer aplicar as teorias na prática, capacitando os jovens para enfrentar e vencer os desafios que a vida lhes trará, em especial no mercado de trabalho, para que, capacitados, capacitem e treinem aqueles com quem venham a trabalhar, numa práxis renovadora e realizadora.
A pergunta que não quer calar é: podemos ter a esperança de que um dia o nosso sistema educacional como um todo vai formar professores com essas competências?
Artigo publicado no "Portal UAI" em 17/05/20 e na revista "Nova Família" em 18/05/20
Publicado originalmente em 17/05/2020
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Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional. Contato: textocontextopretexto@uol.com.br
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Professores são líderes. E, como tal, têm a missão de conduzir e orientar seus pupilos para que alcancem suas metas e objetivos na vida; ajudam-nos, pelo exemplo e posturas, inclusive a escolhê-las. Para isso, precisam ser honestos e verdadeiros, assumindo sua condição humana de incompletude. Professor não tem resposta para tudo. Mas, como pesquisador por profissão, sabe conduzir-se e conduzir seus alunos para a busca de informações e saberes no amplo espaço online que aí está. Portanto, nada vergonhoso em dizer para o aluno: “eu não sei a resposta para essa sua pergunta, mas vou pesquisar e te informo”; ao contrário, tudo de corajoso e verdadeiro.
Roberto Gameiro
Era um gestor escolar neófito mas muito responsável e dedicado às suas atribuições na escola, que tinha, de um ano para o outro, aumentado o número de alunos de uns seiscentos para quase três mil. Ele era o segundo na hierarquia administrativa do colégio. O número um era o proprietário da escola. Sabia que ainda tinha muito a aprender e a praticar no exercício da sua função.
Tinha entre 23 e 24 anos de idade. Talvez, ainda imaturo para a assunção das responsabilidades inerentes.
Mas desejava ser fiel às diretrizes da escola e procurava estar presente nos mais diversos locais do colégio, especialmente antes do início, no intervalo de “recreio” e na saída.
Um dia, antes do início das aulas noturnas, no subsolo, por onde os alunos entravam através de uma larga rampa de acesso, e onde estava a cantina, ele encontrou um aluno fumando, o que era terminantemente proibido no estabelecimento, e exaustivamente divulgado por cartazes em todos os andares.
Aproximou-se do estudante e o alertou, educadamente, da proibição do fumo no colégio.
O aluno reagiu de forma vigorosa e ofensiva, destratando-o e referindo-se à escola de forma desabonadora. Depois de muito bate-boca, o gestor, de forma impulsiva (não deveria ter feito isso), tentou pegá-lo pelo braço para encaminhá-lo para fora do colégio.
Mas o estudante foi mais rápido do que ele e saiu correndo “numa velocidade”, subiu a rampa e “se mandou”.
E ele, acreditem, saiu correndo atrás do aluno.
Ainda bem que não o alcançou. Se o tivesse alcançado, teria terminado ali a sua ainda curta carreira de educador. Ele tem a impressão de que o rapaz está correndo até hoje.
Damaris Ester Dalmas, médica psiquiatra, escreveu: “Quantas e quantas vezes agimos só pelo impulso e acabamos falando e fazendo coisas das quais nos arrependemos depois! Vamos diminuir nossa pressa! Diminuir nossa necessidade de reagir imediatamente aos fatos!”
Qualquer um de nós.
A vida não é como num programa de competição da TV, em que é feita uma pergunta e quem aciona o “sino” primeiro tem o direito de responder; até porque ainda tem a possibilidade de responder errado.
Há um dito popular que diz que “a pressa é inimiga da perfeição”.
As experiências da nossa jornada vivencial vão nos dando cacife para aprendermos com os nossos erros e com nossos acertos.
Com certeza, a impulsividade não faz parte desse concerto.
É isso.
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MENSAGEM DE ROBERTO GAMEIRO
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É difícil de se compreender o porquê dessa diferença na remuneração entre homens e mulheres, até porque, atualmente, percebe-se claramente a crescente competência delas, exercendo, cada vez mais, cargos executivos nas empresas. E sempre é bom lembrar que o estudo, em todos os níveis e segmentos, não objetiva apenas a obtenção de um diploma. O estudo deve capacitar o indivíduo para enfrentar os desafios que a vida lhe trará, com a aquisição de competências e habilidades que o diferenciarão para melhor não só no mercado de trabalho, mas também na vida pessoal e nas suas iniciativas como empreendedor ou autônomo; sejam homens, sejam mulheres.
Neste artigo, utilizo o sentido da palavra “diagnóstico” na área da Medicina para doenças, e na área da Educação para não doenças.
Hipócrates (460 a.C. a 370 a.C.), considerado uma das pessoas mais relevantes da história da medicina, e reputado como “pai da medicina”, escreveu:
“É mais importante conhecer a pessoa que tem a doença do que a doença que a pessoa tem.”
Semana passada, acabei de ver o último capítulo da segunda temporada da série televisiva italiana “DOC – Uma nova vida” (Prime Video), que retrata o dia a dia de uma equipe de clínica médica num hospital de Milão. Curiosamente, ao longo da série, lembrei-me dessa afirmação de Hipócrates. O “médico” protagonista, a partir de um determinado momento da série, passa a ter um diferencial, em relação aos demais, por priorizar o conhecimento da pessoa em tratamento para consolidar diagnósticos, prática essa que o coloca, muitas vezes, em conflito com colegas.
Mas, há situações de não doenças que merecem análise parecida de conhecimento e interpretação do que está por trás de posturas e comportamentos diferenciados, especialmente de crianças.
A DISLEXIA
No âmbito escolar, muitas vezes, ao iniciarmos o processo de alfabetização, encontramos alunos que apresentam comportamento dispersivo nas aulas, com dificuldades para ler e escrever, e, por isso, passam por situações vexatórias causadas pelos colegas.
Certa vez, como diretor de escola, recebi a mãe de uma criança do quarto ano do Ensino Fundamental, recentemente transferido de uma escola pública. Ela vinha pedir ajuda para o filho que estava sofrendo bullying e tinha baixo aproveitamento nas aulas, especialmente nas provas escritas.
Feito o diagnóstico, descobriu-se que o menino era disléxico.
A dislexia não é uma doença. É um distúrbio de aprendizagem que necessita de algumas adequações no processo de ensino e avaliação.
Até há alguns anos, havia dificuldades para diagnosticar esse distúrbio, que causava preconceitos e estigmas às crianças que o tinham.
Pois bem, feitas as adequações no acompanhamento do aprendizado e, principalmente, na forma de aplicar avaliações, a criança teve progressos significativos, inclusive na autoestima.
Mas permaneceu a pergunta: como o estudante com dislexia chegou ao quarto ano do Fundamental sem que o distúrbio fosse diagnosticado?
A dislexia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizado por dificuldades no reconhecimento da palavra, na decodificação e na soletração; elas geralmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem.
O AUTISMO
Ainda no âmbito escolar, as crianças com Autismo ainda não identificado também têm passado por situações constrangedoras, causadas por colegas, por terem dificuldades de comunicação, socialização e comportamento.
As pessoas autistas apresentam algumas características, como limitações no relacionamento com outras pessoas; muitas vezes são agressivos quando contrariados; não olham nos olhos das pessoas; preferem a solidão; não percebem o perigo iminente; preferem o isolamento, evitando o contato com outras crianças; têm ora hiperatividade, ora inatividade; risos sem razão; repetições constantes; resistências às mudanças; não são muito sensíveis a dores e portam-se muitas vezes como surdos.
Neste caso, também, o acompanhamento atento dos professores é ponto-chave para diagnosticar nas crianças os indícios do autismo e, assim, junto das famílias e de multiprofissionais, oferecer atendimento adequado a essas pessoinhas especiais com as quais temos o privilégio de conviver, aprender e ajudar.
O apresentador Marcos Mion, pai de um menino autista, tem um vídeo no YouTube, com o título “o amor e a paciência no autismo”, em que relata o seu relacionamento com os filhos. Vale a pena ser visto.(https://www.youtube.com/watch?v=XTBVwSNB1H0 )
Em ambos os casos, dislexia e autismo, que não são doenças, há que haver intensa parceria entre os pais, a escola e multiprofissionais para enfrentar os desafios inerentes, principalmente alto nível de compreensão, paciência, e, principalmente, amor; além, é claro, de manter os alunos em classes regulares.
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A nossa juventude é, basicamente, constituída de meninos e meninas bons, solidários e afetuosos, que valorizam as relações e, principalmente, a família. Entretanto, hoje, muitas crianças e adolescentes estão confusos e sem perspectiva por falta de referências que alicercem suas existências, apontem rumos e ajudem a marcar limites. A família é o lastro de segurança, o porto seguro que norteia as ações e delimita a construção e a implementação da nossa filosofia de vida. Esse lastro é complementado pela escola. Na escola, então, o controle da disciplina, a colocação de limites, o cumprimento de normas, necessários para a formação do bom cidadão, ganham contornos que exigem constantes atualização e aprimoramento das competências dos educadores (assim como dos pais).
Roberto Gameiro
Conta-se, acredito que de forma jocosa, que um senhor estava na sala de espera de um médico oftalmologista. Ele era o segundo a ser atendido. O primeiro, para puxar conversa, perguntou a ele o porquê de ele estar ali. Ele respondeu que era porque estava com conjuntivite nos olhos. O outro retrucou: “conjuntivite nos olhos, não; isso é pleonasmo”; nesse momento, o médico o chamou e ele entrou no consultório. Aí, a paciente que estava do seu outro lado, fez-lhe a mesma pergunta, ao que ele respondeu que até há pouco ele acreditava que estava com conjuntivite nos olhos, mas segundo aquele senhor que entrara no consultório, o que ele tinha era uma doença chamada pleonasmo...
O pleonasmo é uma figura de linguagem em que se repete desnecessariamente uma palavra já contida na frase. Conjuntivite só ocorre nos olhos. Outros tipos de pleonasmo são “entrar para dentro”, “subir para cima”, “duas metades iguais”, “sair para fora”, “gritar alto”, “multidão de pessoas”, “elo de ligação” e tantos outros.
Mas há um pleonasmo que constitui uma redundância imperdoável: é o famoso “há anos atrás” e suas variantes, que ouvimos diariamente, usado por pessoas das mais diversas classes sociais e profissionais. É tão simples lembrar que quando se usa o “há” não se usa o “atrás”; quando se usa o atrás, não se usa o há. Como exemplos: “Há dez anos” e “Dez anos atrás”.
Mas não estranhemos se de repente essa redundância venha a ser aceita como correta, pois essa hipótese já é defendida por alguns gramáticos pelo fato de a expressão estar consagrada pelo uso.
A língua portuguesa é pródiga em exceções à regra. Quando finalmente aprendemos uma regra, descobrimos que há exceções que devemos conhecer para não errar.
Você já passou por isso?
Ademais, encontramos, às vezes, situações risíveis de mau uso da língua materna. Vejam, por exemplo, a propaganda de uma faculdade, anos atrás, oferecendo como vantagem para o aluno: “um seguro educacional gratuito já incluso na mensalidade”.
Realmente, a língua portuguesa não é fácil. Em qualquer dos seus aspectos, o ortográfico, o fonético e o semântico; mesmo nós que a usamos no nosso ofício, enfrentamos, de vez em quando, dúvidas que nos impelem a consultar dicionários e até o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa).
Mas, por outro lado, como é linda a nossa língua portuguesa, mesmo sendo originada do Latim vulgar falado por soldados, camponeses e camadas populares. Quanto orgulho nos traz. Na prosa e na poesia ...
“Última flor do Lácio (*), inculta e bela; és a um tempo esplendor e sepultura. Ouro Nativo, que na ganga impura, a bruta mina entre os cascalhos vela ...”. Olavo Bilac
(*) Lácio – região da Itália na qual foi fundada a cidade de Roma.
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Roberto Gameiro
Vivemos nos construindo e nos reconstruindo. Como seres humanos, procuramos construir conhecimentos por meio das informações que recebemos constantemente nas nossas vivências com as outras pessoas, seja pessoalmente, ou através das diversas mídias que nos cercam por todos os lados; as boas e as más.
Neste texto, permito-me abordar em especial os inter-relacionamentos dialógicos, ou seja, através dos diálogos.
À medida que vamos convivendo com conhecidos, amigos e parentes, vamos conhecendo as suas posturas, suas formas de ver o mundo, seus assuntos prediletos, suas peculiaridades e suas aspirações. Daí, com o tempo, vamos nos adequando à forma de conversar com cada um deles para tentar tornar os diálogos frutíferos.
Vamos conhecer alguns deles.
Há os que só falam em doenças, médicos, exames, remédios, dores aqui e ali. Com esses, evite a pergunta trivial “Como você está?”
Há os que só falam de si o tempo todo para mostrar o quão competentes são, suas conquistas, suas realizações.
Há os que falam o tempo todo e não deixam você falar; quando você consegue uma deixa para falar, é perda de tempo porque eles não o ouvem; estão apenas esperando uma deixa sua para continuar a falar e falar e falar... Pior ainda, aqueles que o interrompem intempestivamente no meio de uma argumentação, não lhe permitindo completar um raciocínio.
Há os que só falam de um determinado assunto o tempo todo, seja futebol, política, governo ...
Há os que têm sempre uma fofoca para contar sobre alguém. Cuidado com o que fala para esses, pois para os outros ele vai fazer fofoca sobre você.
Há os que são desbocados e falam palavrões o tempo todo porque acham bonitinho e todos riem dos seus impropérios. Agem como adolescentes. Não seja muito constante com esses; seja forte, pois você corre o risco de fazer o mesmo nalgum momento.
Há os que não têm humildade e entendem que sabem de tudo e têm respostas para tudo. Muitos são verdadeiros parlapatões (1). A propósito destes, o filósofo Mário Sergio Cortella tem um texto bem apropriado: “Humilde é aquela pessoa que sabe que não sabe tudo, que sabe que outra pessoa sabe o que ela não sabe, que ela e outra pessoa saberão muitas coisas juntas, que ela e outra pessoa nunca saberão tudo o que pode ser sabido.”.
Há aqueles que quando lhe falam sobre João, você fica sabendo mais sobre eles mesmos do que sobre João. Cuidado com esses também.
Você conhece, ou já conheceu alguma figura dessas? Se sim, que tal deixar um comentário a respeito? É claro, sem identificar a pessoa.
É através da convivência, dos diálogos, com os outros que nos tornamos “pessoa”. Para isso, o ideal é que a alegria esteja sempre presente nos encontros, nos reencontros, na partilha, na convivência fraterna, no respeito mútuo. O afeto, o “sorriso nos lábios”, o brilho no olhar são fatores catalisadores de relações sadias, autênticas, amorosas, construtivas e sementes de reciprocidades promissoras. (este parágrafo, editado, consta também do meu artigo "Construindo um sentido para a vida".)
Nesse sentido, o diálogo, para ser frutífero, deve ser precedido por uma postura de abertura para ele. É um “saber ouvir” e saber quando falar, respeitando o tempo do outro. É o encontro da fala com a escuta, ou como diz Rubem Alves: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de 'escutatória'. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir”. E acrescentou, com a sabedoria que lhe era peculiar, que: "Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.”.
Lembremo-nos sempre de que a pedagogia de Jesus é feita através de diálogos.
Este é um bom tema para conversar com os filhos e alunos.
Vamos lá?
(1) Parlapatão - Característica de quem vive contando mentiras ou vantagens.
Roberto Gameiro é Mestre em Administração com ênfase em gestão estratégica de organizações, marketing e competitividade; habilitado em Pedagogia (Administração e Supervisão); licenciado em Letras; pós-graduado (lato sensu) em Avaliação Educacional e em Design Instrucional.
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Autorizadas, desde que com a inclusão dos nomes do blogue e do autor.